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Onze países, Brasil entre eles, comprometem-se a acolher venezuelanos

Participantes de reunião em Quito também concordaram em aceitar documentos de viagem vencidos dos imigrantes para facilitar o acesso

Por Da Redação
Atualizado em 5 set 2018, 16h21 - Publicado em 5 set 2018, 09h40

O encontro regional sobre a imigração venezuelana organizado em Quito, capital do Equador, terminou na terça-feira 4 com uma declaração dos onze países participantes, entre eles o Brasil, de seguir recebendo cidadãos que fogem da crise no país vizinho, dentro de um sentido de “irmandade” e “solidariedade”.

“O documento contém a vontade de todos os Estados participantes de seguir acolhendo de braços abertos a todos os que vêm enfrentando uma difícil situação em seu país de origem”, anunciou ao fim da reunião o representante peruano, César Bustamante.

O diretor de Assuntos Consulares e Imigração chileno, Raúl Sanhueza, afirmou também que os países concordaram em aceitar documentos de viagem vencidos dos venezuelanos para facilitar o acesso às suas fronteiras.

“Sairemos juntos dessa crise, que é a crise mais importante que a região já teve, ou não sairá ninguém ileso dela”, disse.

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Assinaram a declaração de intenções Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai. Também participaram do encontro representantes da República Dominicana, como observadores. A Bolívia, aliada da Venezuela, se absteve de assinar o texto.

Pressão sobre Maduro

A declaração também pede ao governo de Nicolás Maduro que aceite sua ajuda humanitária, a fim de “descomprimir” a crise que está por trás da migração em massa de venezuelanos pela região.

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As nações que assinaram “fazem um pedido pela abertura de um mecanismo de assistência humanitária que permita descomprimir a crítica situação, dando atenção imediata na origem aos cidadãos afetados”, diz o texto.

Com este novo pronunciamento, a região se distancia ainda mais da visão de Maduro sobre o que está acontecendo no país.

O representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), José Javier Samaniego, avaliou que os resultados da reunião são um roteiro para ações no futuro e expressou a disposição do órgão em continuar trabalhando com os países para apoiar as diferentes iniciativas incluídas na declaração.

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O poderoso dirigente venezuelano Diosdado Cabello disse que a reunião foi uma “vergonha”.

“O grupo acaba de se unir, (…) este que é de dar nojo, vergonha, no Equador. Que lástima, que vergonha com o Equador. Eles fizeram uma declaração, palavras mais, palavras menos, (em que) acabam pedindo dinheiro”, criticou Cabello, presidente da Assembleia Constituinte.

Na segunda-feira 3, o governo chavista acusou funcionários das Nações Unidas de justificar uma “intervenção internacional” pelo alto número de migrantes venezuelanos, que Maduro cifrou pela primeira vez em 600.000 nos dois últimos anos.

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Seus dados diferem dos apontados pelas Nações Unidas. Segundo o organismo, cerca de 2,3 milhões de venezuelanos vivem no exterior, dos quais 1,6 milhão abandonou o país desde 2015, com a piora da escassez de medicamentos e alimentos em meio à hiperinflação que corrói os salários. Caracas, no entanto, insiste que não se trata de uma crise humanitária.

Durante suas longas travessias a pé ou de ônibus, os venezuelanos têm recebido ajuda, mas em alguns lugares se viram envolvidos em conflitos com a população local. O governo brasileiro enviou tropas ao estado fronteiriço de Roraima, após alguns episódios violentos.

Recursos indispensáveis

No encontro em Quito, os governos também pediram ajuda financeira para regularizar os imigrantes.

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Duro crítico do governo de Maduro, os Estados Unidos deram ajuda a Colômbia e Brasil para atender os venezuelanos, enquanto o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou na semana passada recursos europeus, na quantia de 35 milhões de euros.

“Concordamos que é muito difícil para os Estados enfrentar (…) os requerimentos nos serviços públicos que somos obrigados a fornecer”, declarou o diretor de Assuntos Consulares do Peru, César Bustamante.

Com a onda de venezuelanos, o Equador mantém desde agosto passado uma emergência migratória para províncias fronteiriças com a Colômbia — onde chegam da Venezuela — e Peru, atraídos por melhores condições para obter emprego.

(Com AFP e EFE)

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