Aliados de Guaidó dizem que “regime de Maduro desmoronou”
Presença do ministro da Defesa, Vladimir Padrino, ao lado do líder venezuelano não se traduz em apoio das tropas, segundo a oposição
Aliados de Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela, garantem que o líder Nicolás Maduro está isolado e sem o apoio substancial da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), embora ainda não detalhem quais os setores, unidades e comandos romperam com o Palácio de Miraflores. A presença do ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino, ainda ao lado do ditador não se traduz em apoio efetivo das tropas, segundo os colaboradores do oposicionista.
“Padrino não é ninguém”, insistiu uma fonte próxima a Guaidó a VEJA. “O regime de Maduro desmoronou. É o começo do seu fim.”
O ministro da Defesa insistiu nesta terça-feira que a FANB continua “firmemente em defesa” de Maduro disse que todas as unidades militares do país declararam “normalidade” em seus quartéis e suas bases militares. “Eles são covardes! Permaneceremos firmes em defesa da ordem constitucional e da paz da República, assistidos como somos pela lei, razão e história. Sempre fiel, Traidores nunca!”, escreveu.
Também o presidente da Assembleia Constituinte da Venezuela, Diosdado Cabello, reafirmou a lealdade dos militares a Maduro, mas admitiu haver rebeldes que passaram para a oposição. Em discurso para centenas de simpatizantes do chavismo nos arredores do Palácio de Miraflores, Cabello disse que os militares rebeldes deixaram a base aérea de La Carlota, em Caracas, ao encontrar resistência por parte de soldados leais a Maduro.
“Como eles são presunçosos, apareceram lá (na base militar) e disseram ‘agora sim, Maduro caiu'”, disse Cabello, encima de um caminhão. “Fizeram selfies, fizeram fotos e estavam participando abertamente de um golpe de Estado. Quando se deram conta de que não iria funcionar, tentaram se passar por desentendidos”, continuou.
Mais cedo, Guaidó divulgara um vídeo ao lado de vários militares na base aérea de La Carlota. Na gravação, o líder da oposição disse que o anúncio marcava o início da “Operação Liberdade” para tirar Maduro da presidência da Venezuela. A saída dos militares e civis da oposição da base aérea deveu-se à orientação para que se concentrassem na praça de Altamira, principal reduto de manifestações contra o regime. O próprio Guaidó se dirigiu ao local para fazer discurso aos críticos do chavismo.
Nos principais pontos de protesto, em Caracas, militares desertaram e passaram a portar uma faixa azul no braço como sinal de apoio à oposição. Os demais acentuaram a repressão aos manifestantes, com o uso de blindados, de disparos de fuzis e da ajuda de blindados.
A Força Armada Nacional Bolivariana, com 123.670 militares, será o fiel da balança nesta crise. Os militares comandam a produção, a importação e a distribuição de alimentos e de petróleo. Tambêm tem o controle de empresas petromineradoras, emissoras de televisão, universidades, bancos, montadoras de veículos e empreiteira. Além disso, 30% dos governadores estaduais são provenientes do universo militar. Maduro chegou a referir-se à FANB como a “espinha dorsal” do país.
A FANB não atua apenas como uma força militar convencional, mas também como força de segurança interna da Venezuela. Para essa última função, dispõe da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e da Polícia Nacional Bolivariana (PNB), ambas altamente temidas pela população. Dentro da PNB, a Força de Ações Especiais (Faes), considerada um esquadrão da morte e responsável por 4.998 pessoas em 2017.
A GNB e a Faes são apontadas por organismos de defesa dos direitos humanos como as principais responsáveis pela escalada da violência no país.
(Com EFE)