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Alberto Fernández pede a Bolsonaro para deixarem ‘diferenças no passado’

Presidente argentino pediu trabalho conjunto na questão ambiental, brasileiro destacou importância do combate ao crime transnacional

Por Da Redação
Atualizado em 4 jun 2024, 14h08 - Publicado em 30 nov 2020, 17h18

O presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Argentina, Alberto Fernández, realizaram nesta segunda-feira, 30, sua primeira reunião privada desde a vitória do líder argentino nas eleições do ano passado. Segundo comunicado da Casa Rosada, Bolsonaro requisitou a colaboração entre as duas nações para o turismo e entre suas Forças Armadas, enquanto Fernández deu ênfase ao Mercosul e à questão ambiental.

“Estou realizando esta reunião para dar ao Mercosul o impulso de que precisa e é imperativo que Brasil e Argentina o façam juntos”, disse Fernández.

A reunião marca o Dia da Amizade entre ambos países, na data da criação do Mercosul, realizado pela primeira vez entre os ex-presidentes Raúl Alfonsín e José Sarney há 35 anos. Sarney participou do evento desta segunda-feira por teleconferência.

“É um dia muito importante para a Argentina e o Brasil e para todo o continente, porque pela primeira vez as pessoas começaram a pensar na integração do continente”, afirmou o argentino. Ele também pediu para deixar “as diferenças no passado e enfrentar o futuro com as ferramentas que funcionam bem entre nós, para realçar todos os pontos de concordância”.

O presidente brasileiro se absteve de cumprimentar Fernández após sua vitória eleitoral em julho de 2019, e não compareceu à posse em 10 de dezembro, incomodado pela campanha do peronista a favor da libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Temeroso de que Fernández, herdeiro de uma economia mergulhada em uma grave crise, adote políticas protecionistas, o governo Bolsonaro chegou a ameaçar deixar o Mercosul.

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De acordo com a Casa Rosada, contudo, Bolsonaro destacou que “o Mercosul é o nosso principal pilar de integração” e pediu a geração de “mecanismos mais ágeis e menos burocráticos”. Ele também pediu o aprofundamento do turismo entre as duas nações.

Apesar das diferenças nas políticas econômicas, de saúde e sociais entre os governos brasileiro e argentino, o encontro entre os dois foi considerado um primeiro passo para a reaproximação entre os países, tradicionais parceiros comerciais.

Além disso, Fernández pediu a colaboração de Bolsonaro na questão ambiental, exigindo um acordo para a proteção da natureza.

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“É um assunto que nos preocupa muito. Temos que fazer um acordo de preservação. Temos oportunidades em desenvolvimento para fornecer gás para a Argentina e o Brasil”, ressaltou.

O brasileiro, por outro lado, não prioriza o meio ambiente em sua agenda. No ano passado, declarou que na região apenas “veganos, que comem só vegetais”, estão preocupados com a questão ambiental, falou para “meter a foice em todo mundo no Ibama” e “não quero xiitas”, e costuma contrapor a preservação ambiental à economia, que, em sua opinião, são incompatíveis. Atualmente, um acordo entre a União Europeia e o Mercosul está suspenso devido à falta de um plano para proteger a Amazônia, palco de crescentes incêndios florestais.

Em nota, a Casa Rosada também informou que Bolsonaro destacou a colaboração entre as Forças Armadas dos dois países.

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“Nossas Forças Armadas têm uma excelente integração. Vamos fortalecer nossa integração nas indústrias de defesa e avançaremos no combate ao narcotráfico e ao crime transnacional”, disse.

O Brasil é o principal parceiro comercial da Argentina e a cooperação bilateral também ocorre em áreas como a saúde pública, permitindo a exportação de midazolam, insumo fundamental para o tratamento de pacientes com Covid-19 em estado grave. Abatido pela pandemia, o PIB argentino caiu 19,1% no segundo trimestre do ano, o maior colapso trimestral desde o início da estatística, em 1981.

A crise argentina e o recente afastamento entre Fernández e Cristina Kirchner, sua vice-presidente e mentora, símbolo da esquerda no país, podem ter ajudado na tentativa de reaproximação entre Fernández e Bolsonaro.

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