Absolvido pelo Senado, Trump se contradiz sobre pressão contra a Ucrânia
Presidente afirma ter enviado seu advogado pessoal, Rudolph Giuliani, ao país eslavo, algo que havia negado durante as investigações
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou durante uma entrevista na quinta-feira 13 ter enviado à Ucrânia seu advogado pessoal, Rudolph Giuliani, contradizendo a sua defesa no processo que o levou ao impeachment na Câmara dos Deputados e a sua absolvição pelo Senado.
Em entrevista ao podcast Gerald Speaks, o presidente americano disse que não se sentia culpado por ter enviado Giuliani à Ucrânia e elogiou o advogado como sendo um “combatente contra o crime”. Em novembro, Trump havia negado ter enviado Giuliani “para fazer qualquer coisa” no país eslavo.
Giuliani era peça-chave nas investigações do Congresso contra o presidente por suspeita de abuso de poder devido ao congelamento de uma ajuda financeira milionária destinada à Ucrânia como meio de pressionar o governo daquele país a investigar a família do pré-candidato democrata à Presidência e ex-vice-presidente Joe Biden. Trump também foi acusado de obstrução do Congresso por tentar impedir funcionários da Casa Branca a testemunharem.
Trump defendeu o “uso” do advogado na entrevista, embora as testemunhas na Câmara tenham afirmado que Giuliani havia comprometido a política externa americana de longa data quanto a Ucrânia.
As testemunhas convocadas pela Câmara afirmaram que Giuliani e aliados teriam se encontrado tanto com ex-oficiais quanto com funcionários atuais do governo ucraniano em busca de informações comprometedoras acerca de Biden e seu filho, Hunter.
As suspeitas de abuso de poder para Trump obter vantagens políticas vieram à tona em setembro de 2019 quando um relatório de um delator anônimo surgiu. O texto indicava um esquema de troca de favores durante uma conversa por telefone entre o americano e o recém-eleito presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky.
A Casa Branca posteriormente publicou uma transcrição da conversa. Nela, Trump se mostrou preocupado com a polêmica demissão de um procurador ucraniano e que os Bidens estariam envolvidos esse fato. O presidente termina a ligação dizendo que Giuliani iria entrar em contato com Zelensky.
A investigação levou ao impeachment de Trump pela Câmara, dominada pelos democratas, em dezembro passado. Mas o presidente americano foi absolvido pelo Senado em um julgamento rápido, sem a convocação de novas testemunhas. Pouco antes de sua absolvição, um rascunho do livro do ex-conselheiro de segurança nacional John Bolton vazou à imprensa. No texto, Bolton dizia que Trump havia relacionado diretamente o congelamento da ajuda financeira à Ucrânia à investigação de Kiev contra os Bidens.