A força do Brasil na China
Grande adesão do empresariado à visita oficial é proporcional à importância do parceiro asiático
Não há como deixar de reconhecer o peso da China para o Brasil. Cerca de um terço do que exportamos tem os portos chineses como destino. Mais de um quinto do que importamos vem de Pequim. Associadas, as duas pontas do comércio bilateral colocam a China como principal parceiro do Brasil — posição alcançada em 2009 e mantida até hoje.
Se atualmente ostentamos um superávit anual de mais de 60 bilhões de dólares na balança comercial, isso se deve em grande parte ao imenso mercado consumidor chinês. São 1,4 bilhão de pessoas que comem, moram e são transportadas. Um mercado dessa ordem de grandeza tem potencial para desequilibrar o jogo.
É natural, portanto, que a comitiva de empresários que acompanhará a visita oficial ao país asiático tenha 250 representantes de todos os setores mais importantes da nossa economia. Como maior empregador do Brasil e tendo na China seu principal mercado externo, o grupo J&F não poderia estar fora dessa iniciativa. Mais do que isso, estará representado por seus acionistas, inclusive por mim.
A China é o principal mercado de exportação do grupo. Ela representa por volta de 30% das exportações da JBS, é o destino de 35% dos minérios de ferro e manganês da J&F Mineração e compra quase metade da produção da Eldorado Brasil Celulose. As exportações para a China dessas empresas, todas controladas pela J&F, contribuem muito para a geração dos 160 000 empregos diretos do grupo no Brasil, além de outros milhões indiretos.
A China já é uma realidade concreta e fundamental para os negócios da J&F e de muitas empresas brasileiras. Ainda assim, as oportunidades a serem exploradas continuam sendo imensas. Por isso, engrosso a lista de participantes da comitiva oficial, ao lado de executivos do grupo J&F, em busca dessas oportunidades empresariais que fortalecerão o comércio bilateral Brasil-China.
O momento não poderia ser mais propício. Depois de um crescimento impactado pelo combate à Covid, a China prevê expansão de cerca de 5% no produto interno bruto (PIB) neste ano.
A imprensa noticia que já há dezenas de acordos e memorandos programados para assinatura durante a visita oficial, confirmando que o momento é ideal para esse encontro.
O Brasil senta-se à mesa respaldado pela força do seu empreendedorismo. Grandes e pequenas empresas estarão representadas, seja diretamente, seja por meio das dezenas de entidades de classe que participarão da viagem. É do trabalho dessas empresas que nasce o poder que eleva o país para qualquer tipo de discussão com outras nações.
Munida dessa força, a comitiva brasileira à China poderá contribuir para acelerar o comércio exterior e, assim, fortalecer a posição geopolítica do país. Mais ainda, são as exportações que trazem ao Brasil moeda forte, capaz de financiar seu desenvolvimento sustentável.
Empresário e acionista do grupo J&F
Publicado em VEJA de 29 de março de 2023, edição nº 2834