Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Semana Cliente: Revista em casa por 7,50/semana

A ameaça pirata à febre do Labubu

Monstrinhos, de dentes afiados e olhos esbugalhados, viraram febre mundial e, como efeito colateral, alvo de falsificações

Por Paula Freitas Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 jul 2025, 16h50

Olhos esbugalhados e dentes afiados em um sorriso que cobre quase que a extensão inteira do rosto. Parece descrição de um protagonista de filmes de terror, mas é, na verdade, uma nova febre mundial: os bonecos Labubu, da empresa chinesa Pop Mart. Os pequenos brinquedos colecionáveis caíram no gosto de adultos e crianças pelo paradoxo. Em outras palavras, são tão feios que chegam a ser bonitinhos. Mas a popularidade estrondosa acabou por criar um efeito colateral, e as autoridades estão tendo de lidar com uma onda de pirataria.

Os monstrinhos viraram must have de celebridades, de Rihanna a Lisa, do grupo de K-pop Blackpink. Não tardou para que o grande público mergulhasse na onda e, agora, os bonecos têm sido tão procurados que, no Reino Unido, a Pop Mart retirou o produto das prateleiras pelo alto risco de brigas, de acordo com o jornal britânico The Guardian.

No território britânico, as feras fofas custam £ 17,50, enquanto são vendidas de 99 a 399 yuans (R$ 76 – R$ 309). Os valores de revenda, devido à demanda monumental, são ainda mais altos. Em meio à procura exacerbada e os estoques esgotados, o mercado pirata logo tratou de preencher o vazio. No centro comercial de Shenzhen, no sul da China, as versões falsas (chamadas de Lafufu) são produzidas a todo vapor.

Cerco à pirataria

O mercado paralelo, contudo, entrou no radar das autoridades chinesas. Em abril, agentes alfandegários da cidade de Ningbo interceptaram um lote de 200.000 produtos suspeitos de violar a propriedade intelectual da Labubu. Outra operação, no mês passado, também apreendeu 2.000 Lafufus. O motivo para tanta encrenca está no propagandismo da China, que tenta disseminar o seu soft power mundo afora.

“A China nunca esteve tão determinada a combater os roubos de PI (propriedade intelectual), graças à contribuição da Labubu, não apenas como um brinquedo de sucesso global, mas também como uma ferramenta de soft power”, explicou Yaling Jiang, analista de tendências de consumo chinês, ao The Guardian. “Defender a PI da Labubu não é mais apenas uma questão de interesse comercial, mas sim de interesse nacional.”

Continua após a publicidade

Em junho, o Diário do Povo, porta-voz oficial do Partido Comunista Chinês, chegou a afirmar que os bonecos conseguiram alcançar um novo patamar, de “Fabricado na China” para “Criado na China”, acrescentando: “A ascensão do Labubu combina a forte base manufatureira da China com a inovação criativa, explorando as necessidades emocionais dos consumidores globais”, disse o elogioso artigo.

A rotina de produção

Apesar do cerco, não é difícil encontrar um revendedor do brinquedo na China. A reportagem do The Guardian conseguiu, “depois de um rápido telefonema feito por um dos vendedores ambulantes de bolsas e relógios de grife falsificados”, ter acesso a uma sacola recheada de Lafufus, vendidos a 168 yuans (R$ 130) por unidades.

Embora existam várias possibilidades de negócios de falsificação, um revendedor, identificado apenas como Li pelo jornal britânico, explicou que recebe carrinhos e mais carrinhos com cabeças dos monstros. Elas são, então, moldadas por uma máquina. Depois, precisam ser cortadas a mão, já que a máquina produz dois bonecos grudados. Idosas, segundo o The Guardian, terminam o processo e ganham 0,04 (R$ 0,031) yuans por peça. Uma delas estimou que divide de 800 a 1.000 cabeças por dia, recebendo até 40 yuans (R$ 31). É, de fato, monstruoso.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo Anual

Acesso ilimitado ao sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril
De: R$ 16,90/mês
Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 11% OFF

Revista em Casa + Digital Completo Anual

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
De: R$ 55,90/mês
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.