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Sensação Erling Haaland será ausência mais sentida da Copa do Catar

Por ser norueguês, ele talvez repita a sina de outras lendas 'sem Mundial'

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 11h40 - Publicado em 16 out 2022, 08h00

Já virou rotina. A cada semana, das formas mais acrobáticas possíveis, o gigante loiro de 1,94 metro, físico robótico e perna esquerda letal manda a bola para as redes e faz a alegria de um mar azul de torcedores ingleses. Não há neste momento um jogador mais empolgante do que Erling Haaland, o goleador norueguês do Manchester City. Aos 22 anos, ele vem colecionando marcas históricas e aprimorando ainda mais o seu jogo, sob a batuta de um mestre, o técnico Pep Guardiola. A má notícia: Haaland não estará na Copa do Mundo do Catar — e dificilmente em alguma outra no futuro, dada a fragilidade da seleção nórdica, que só disputou os Mundiais de 1938, 1994 e 1998. Dessa forma, ele pode engrossar uma lista de craques privados de disputar a maior competição do futebol.

arte futebol

O “Cometa”, como é apelidado por sua explosão em campo e pela semelhança de seu sobrenome com o Halley — o corpo de gelo mais famoso a passar pelo sistema solar —, chegou ao City em junho e já marcou vinte gols em treze jogos. Não é um craque típico, habilidoso e elegante. Ao contrário, é até um tanto destrambelhado, mas finaliza como ninguém. “Ele tem instintos incríveis, sabe onde a bola vai chegar”, diz, embasbacado como nós, Guardiola. “Eu não tenho como ensinar-lhe, é um dom natural.” O mais irônico de sua ausência na Copa deste ano é que ela poderia ter sido evitada por uma escolha própria.

 

Filho de Alf-Inge Haaland, defensor que atuou por Nottingham Forest, Leeds United e pelo próprio Manchester City, o goleador nasceu em solo inglês, em julho de 2000. Ele, no entanto, optou pela nacionalidade dos pais, pois se mudou ainda criança para a Noruega. Aos 15 anos, iniciou sua meteórica ascensão no modesto Bryne, antes de passar pelo Red Bull Salzburg, da Áustria, e pelo Borussia Dortmund, da Alemanha, sempre marcando gols: já são 176, e contando (veja no quadro).

O QUINTO BEATLE - George Best, do United: se fosse inglês, brilharia na Copa -
O QUINTO BEATLE – George Best, do United: se fosse inglês, brilharia na Copa – (Bob Thomas/Getty Images)
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Nas Eliminatórias europeias, a Noruega ficou atrás da Holanda e da Turquia e foi eliminada. Como a partir de 2026 o número de participantes em Copa será ampliado de 32 para 48 seleções, há quem sonhe com o que ainda é improvável. Por ora, reafirme-se, o “Cometa” viking faz companhia a outras lendas ausentes. A maior delas vem do lado vermelho de Manchester: George Best, ídolo do United, nascido na Irlanda do Norte. Além de um autêntico craque, driblador e decisivo, era um personagem raro. “Gastei muito dinheiro em bebidas, mulheres e carros. O resto desperdicei”, disse Best à edição número 1 de PLACAR, em março de 1970. Na época, o chamavam de “Pelé branco” na ilha. “Se eu tivesse nascido feio, vocês não ouviriam falar de Pelé”, brincou sobre seu folclórico apreço por festas.

PENA - Di Stéfano: lenda do Real bateu na trave por Argentina e Espanha -
PENA - Di Stéfano: lenda do Real bateu na trave por Argentina e Espanha – (./EFE)

Outro George “punido” por seu passaporte foi Weah, o espetacular atacante do Milan e da Libéria, país africano que atualmente preside. O portenho Alfredo Di Stéfano, ídolo do Real Madrid, também deu azar. Em litígio com a Fifa, a Argentina não disputou as Copas de 1950 e 1954. Em 1958, por atuar fora do país, ele não pôde ser convocado. Em 1962, naturalizado espanhol, até foi chamado pela Fúria, mas, machucado, assistiu das tribunas ao título brasileiro. Outra falta a se lamentar no Catar será da seleção italiana, fora de duas Copas seguidas. Menos mal que Gareth Bale, a estrela do País de Gales, espantou a sina e fará sua estreia, aos 33 anos. Que venha a alegria, mesmo sem Haaland.

Publicado em VEJA de 19 de outubro de 2022, edição nº 2811

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