O Rei Pelé e seu manto verde-amarelo
Campeão mundial aos 17 anos, o jogador devolveu a autoestima da seleção e consagrou-se em 1970 como maestro do melhor time de todos os tempos
Quando Pelé estreou com a camisa canarinho, em julho de 1957, entrando no segundo tempo de uma derrota para a Argentina no Maracanã, o Brasil ainda lambia as feridas da tragédia do Maracanazo. O fiasco no Mundial da Suíça, em 1954 – derrota incontestável para a poderosa Hungria –, em nada havia ajudado na recuperação da autoestima da torcida. Mas a visão daquele jovem craque desfilando sua habilidade no escrete nacional conseguiu levantar os ânimos do país: em fevereiro de 1958, quatro meses antes do início da Copa da Suécia, o cronista Nelson Rodrigues já havia chamado Pelé de “Rei” e previsto que seria ele o responsável pela redenção da seleção, com a conquista do tão sonhado título em terras escandinavas.
Dito e feito. Aos 17 anos, o garoto foi a chama que incendiou um time de feras – Garrincha, Didi, Bellini, Nilton Santos e companhia bela – rumo ao título em Estocolmo. A vitória de 5 a 2 sobre os anfitriões coroou a campanha irresistível da equipe no torneio que apresentou Pelé ao mundo do futebol – o espetacular tento da vitória contra o País de Gales, nas oitavas de final, bem como a obra-prima na final contra a Suécia, foram inequívocos cartões de visita de sua genialidade.
Suas participações nas duas Copas seguintes, no entanto, foram pouco memoráveis: em 1962, lesionou-se ainda na primeira fase e viu das arquibancadas o bicampeonato brasileiro; em 1966, não conseguiu levar a desorganizada equipe amarelinha à segunda fase – e, para piorar, foi vítima da carnificina dos zagueiros portugueses no jogo que decretou a eliminação da seleção no torneio.
Depois disso, muitos passaram a dizer que Pelé estava acabado para o futebol. Determinado a provar o contrário, o Rei preparou-se física e mentalmente como nunca para o Mundial do México – um regime de treinamentos específicos que durou quase um ano. O resultado foi mostrado ao vivo e em cores para todo o planeta: a conquista da Copa de 1970 e a consagração como o maestro do maior time de futebol de todos os tempos.
Pelé é o recordista de gols com a camisa da seleção brasileira com 77 bolas na rede, empatado com Neymar, em 91 partidas disputadas consideradas pela Fifa como oficiais. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) também leva em conta jogos de seleções contra clubes e outros combinados, que deixam o rei com 95 gols em 113 jogos.