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Nelson Piquet pede desculpas a Hamilton e culpa tradução incorreta

Tricampeão de Fórmula 1 emitiu nota dizendo que nunca usaria palavra da qual foi acusado e estendeu pedido a 'todos que foram afetados'

Por Alessandro Giannini Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 jun 2022, 19h17 - Publicado em 29 jun 2022, 12h25

Um dia após se tornar o assunto mais comentado das redes sociais e dos veículos de imprensa, o episódio de racismo envolvendo Nelson Piquet e Lewis Hamilton volta a ter repercussões. Nesta quarta-feira, 29, Piquet emitiu um comunicado pedindo desculpas a Hamilton e a “todos que se sentiram afetados”. Acrescentou, no entanto, que foi vítima do que chamou de “tradução incorreta”.

Na nota, Piquet escreve que o que disse foi “mal pensado, e não defendo isso, mas vou esclarecer que o termo usado é aquele que tem sido amplamente e historicamente usado coloquialmente no português brasileiro como sinônimo de ‘cara’ ou ‘pessoa’ e nunca teve a intenção de ofender”.

O tricampeão brasileiro de Fórmula 1 continua: “Eu nunca usaria a palavra da qual fui acusado em algumas traduções. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele”.

Na semana passada, um canal do YouTube repostou o trecho de uma entrevista de Nelson Piquet a Ricardo Oliveira em 3 de novembro do ano passado. Na conversa, o piloto comenta um acidente entre Lewis Hamilton e Max Verstappen, ocorrida no último Grande Prêmio da Grã-Bretanha, no circuito de Silverstone. Ao se referir ao piloto da Mercedes, Piquet usa um termo racista, “neguinho”.

A lembrança repercutiu e causou revolta, com consequências e notas de repúdio imediatas da Fórmula 1, da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) e das escuderias Mercedes e Ferrari. Hamilton deu sua resposta pelas redes sociais nesta terça-feira, 28. Depois de retuitar um fã que sugeriu que o heptacampeão publicasse a frase “Quem diabos é Nelson Piquet?” e fechasse os comentários, ele escreveu em português: “Vamos focar em mudar a mentalidade”.

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Em um outro tuíte, o piloto britânico reforçou o que pensa: “É mais do que um termo. Essas mentalidades arcaicas precisam mudar e não têm lugar no nosso esporte. Fui cercado por essas atitudes e fui alvo delas minha vida toda. Houve muito tempo para aprender. Chegou a hora da ação”.

Piquet, cuja filha Kelly é namorada de Verstappen, atual campeão do mundo, defendeu na entrevista que, em Silverston, Hamilton queria tirar o genro da corrida de propósito. “O ‘neguinho’ meteu o carro e deixou. (…) O ‘neguinho’ deixou o carro. É porque você não conhece a curva; é uma curva muito de alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de passar do lado. Ele fez de sacanagem”.

A seguir, a íntegra do comunicado de Nélson Piquet:

“Gostaria de esclarecer as histórias que circulam na mídia sobre um comentário que fiz em uma entrevista no ano passado.

O que eu disse foi mal pensado, e não defendo isso, mas vou esclarecer que o termo usado é aquele que tem sido amplamente e historicamente usado coloquialmente no português brasileiro como sinônimo de ‘cara’ ou ‘pessoa’ e nunca teve a intenção de ofender.

Eu nunca usaria a palavra da qual fui acusado em algumas traduções. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele.

Peço desculpas de todo o coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível, mas a tradução em algumas mídias que agora circulam nas redes sociais não está correta. A discriminação não tem lugar na F1 ou na sociedade e estou feliz em esclarecer meus pensamentos a esse respeito.”

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