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Joias e relógios foram usados como propina na Rio-2016

O responsável pelas investigações detalhou como eram feitos os pagamentos e lamentou que o esporte faça parte de esquema fraudulento

Por Da Redação
11 set 2017, 08h56

Jean-Yves Lourgouilloux, procurador francês responsável pela investigação da suspeita de compra de votos para a eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 contou em detalhes como ocorriam as fraudes. Em entrevista ao programa Fantástico da Rede Globo, Lourgouilloux afirmou que depósitos eram feitos por intermediários nas contas do senegalês Lamine Diack, que usava sua influência e presenteava outros integrantes do Comitê Olímpico Internacional (COI) com joias e relógios de luxo, compradas em uma joalheria em Paris.

“Investigamos que membros do COI receberam presentes de Lamine Diack. O nome de Lamine Diack aparece ligado a várias transações. Ele é africano, mas não podemos dizer que todos os votos africanos estão corrompidos, mas nem que apenas votos africanos foram comprados”, disse Lourgouilloux.

“Cada vez que havia necessidade de se escolher uma cidade para organizar uma competição esportiva mundial, era uma oportunidade para extorquir dinheiro. É interessante também notar que Tóquio era candidata a sediar os Jogos de 2016, mas o Rio ganhou. Tóquio na época denunciou que haveria esquemas entre o Brasil e a África, e em seguida Tóquio acabou procedendo da mesma maneira para se certificar de que ganharia”, afirmou o procurador, lembrando a escolha da cidade japonesa como sede da Olimpíada de 2020.

O procurador francês ainda lamentou que o esporte seja usado dessa forma. “Enquanto toda a economia mundial passa por momentos de recessão, a economia do esporte está em plena expansão. E onde está o dinheiro, está a corrupção.”

O francês ainda comentou sobre a participação de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), um dos acusados de envolvimento no esquema.”Não é possível que uma pessoa possa ser dirigente de uma mesma federação por 20 anos. Não vamos parar de investigar. Nós somos obrigados a verificar se pessoas físicas corromperam ou foram corrompidas. O resto é problema da organização dos Jogos Olímpicos. É preciso criar regras claras e rígidas de controle e transparência”, finalizou Lourgouilloux.

(Com Estadão Conteúdo)

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