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A difícil e aleatória arte de bater pênaltis

A Croácia nunca tinha perdido uma disputa de penalidades em Copa do Mundo

Por Fábio Altman Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 dez 2022, 06h04 - Publicado em 9 dez 2022, 18h57

LUSAIL – Na melancólica entrevista depois da derrota para a Croácia, Tite explicou a ausência de Neymar na cobrança de penalidades. “Porque ele (Neymar) é o quinto e decisivo pênalti, fica com pressão maior e precisa de jogador de mais qualidade, mentalmente mais forte para fazer a última cobrança.” Mas houve um erro de cálculo: se Marquinhos perdesse, como perdeu, o Brasil seria eliminado. Não seria o caso, portanto, de inverter a ordem e pôr o camisa 10 para bater? Como hipóteses não vencem e não ganham partidas de futebol, fica para daqui a quatro anos.

Ah, os pênaltis… São sempre um incômodo. Disse o filósofo do futebol, Neném Prancha, que sabia das coisas: “O pênalti é uma coisa tão importante que quem devia bater é presidente do clube”. Para os croatas, é provérbio sem valor em Copas do Mundo. Há uma estatística impressionante: nas últimas seis partidas de mata-mata em mundiais, a Croácia foi para os pênaltis em quatro delas. Nunca perdeu. Ganhou a semifinal na Rússia contra a Inglaterra no tempo regulamentar e perdeu a final para a França por 4 a 2.

Marquinhos errou o pênalti que fez, novamente, o Brasil chorar -
Marquinhos errou o pênalti que fez, novamente, o Brasil chorar – (Matthew Ashton/Getty Images)

De resto, avançou a partir da marca do cal. Em 2018, os croatas passaram pela Dinamarca, nas oitavas, com pênaltis. Depois, nas quartas, venceram a Rússia, também nos pênaltis. Agora em 2022, despacharam o Japão, nas oitavas, e o Brasil, na noite de sexta-feira, 9 de dezembro, graças aos chutes precisos e ao goleiraço Dominik Livakovic.

Livakovic, aliás, fez história, ao defender quatro cobranças em uma mesma edição de Copa. Ele já havia bloqueado três cobranças contra o Japão e, ao defender a de Rodrygo, cravou a de número 4. A marca só foi atingida apenas outras duas vezes, desde 1978, quando teve início a decisão por penalidades depois da prorrogação: com o argentino Goycochea, em 1990, e o também croata Daniel Subacic, em 2018. Curiosamente, as defesas de Livakovic foram nas mesmas etapas do que as de Subasic.

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Dominik Livakovic salvou seguidas chances do ataque brasileiro -
Dominik Livakovic salvou seguidas chances do ataque brasileiro (Adrian Dennis/AFP)

Se Argentina x Croácia for para os pênaltis, é o caso de chamar todos os santos e orixás do mundo, porque o bicho vai pegar. Os croatas parecem imbatíveis. Mas os argentinos, atenção, são os recordistas em disputas por pênaltis: têm cinco vitórias, inclusive a deste 9 de dezembro, e apenas uma derrota, para a Alemanha, em 2006.

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