Copa dos bonzinhos? O que explica poucos cartões na primeira fase
Apenas dois atletas foram e expulsos e Inglaterra não levou um cartão sequer; implementação do VAR reduziu drasticamente o número de punições
DOHA – A primeira fase da Copa do Mundo chegou ao fim com uma estatística interessante: apenas dois atletas receberam cartão vermelho, o número mais baixo nesta fase desde 1970, quando o Mundial terminou sem nenhum expulso.
Contando com a exclusão do técnico Paulo Bento, da Coreia do Sul, há um empate com a edição de 2018. No Brasil, em 2014, houve o triplo, nove expulsões nos primeiros 48 jogos. A brusca queda, portanto, coincide com o advento do árbitro assistente de vídeo (VAR), que estreou na Rússia.
Apenas o goleiro galês Wayne Henessey, do País de Gales, e o camaronês Vincent Aboubakar receberam cartão vermelho no Catar, sendo o segundo por receber o segundo amarelo ao tirar a camisa na comemoração do gol da vitória sobre o Brasil.
A equipe mais disciplinada desta edição é a Inglaterra, que não recebeu nem sequer um amarelo. Já a Arábia Saudita é quem demonstrou menos fair play, com 16 amarelos no total, seguido pela Sérvia, com 12. O Brasil levou três advertências, com Fred, Éder Militão e Bruno Guimarães.
Trata-se de uma redução notável no número de advertências. Em 1998, houve dez vermelhos foram mostrados na primeira fase. Em 2002 foram 12 e em 2006 foram oito. VEJA ouviu duas referências na arbitragem brasileira para tentar entender o fenômeno. “Para mim isso se deve ao comportamento dos atletas em relação ao VAR. Os atos de indisciplina foram coibidos diz o ex-juiz Sálvio Spinola.
“A presença do árbitro de vídeo, que muitas vezes apita o jogo de cima e induz o árbitro a cometer expulsões injustas, acaba inibindo os atletas”, completa Arnaldo Cezar Coelho, árbitro da final de 1982, edição que teve poucos vermelhos, apenas cinco. O recorde foi batido em 2006, com 28 vermelhos.
Além da tecnologia, há outro fator importante: o acúmulo de dois cartões amarelos em jogos distintos ocasiona a suspensão dos atletas (o número é zerado a partir das quartas de final), o que também inibe lances violentos e reclamações excessivas.
O Brasil é o país com mais expulsos em Copas, 11 no total – o último foi Felipe Melo, em 2010. Apenas nas Copas de 1950 e 1970 nenhum atleta foi para o chuveiro mais cedo.