Carlo Ancelotti e a esperança de reconciliação da torcida com a seleção
A chegada do italiano veio cercada de uma forte campanha de marketing

A história é pouco conhecida — e, por isso mesmo, interessante. Em 1975, o jovem futebolista italiano Carlo Ancelotti, então com 16 anos, operou quase um milagre. Usou o seu nascente talento de meio-campista para ajudar a equipe do cineasta Bernardo Bertolucci, que filmava na época 1900, a vencer o time de Pier Paolo Pasolini, à frente do ousado Saló, ou os 120 Dias de Sodoma, em um amistoso na cidade de Parma. Os cineastas eram amigos, mas estavam sem se falar havia muito tempo em razão de discordâncias políticas. A festa foi tão boa que selou a volta da boa relação entre os dois gigantes do cinema italiano. O que se espera do agora técnico da seleção brasileira é um movimento semelhante de reconciliação da torcida com um de seus patrimônios mais celebrados, a camisa canarinho. O desafio será enorme: liderar o projeto do sonhado hexacampeonato, enquanto navega pelo imbróglio político da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Contratado por Ednaldo Rodrigues, de saída da presidência, e recebido por Samir Xaud, recém-eleito, o treinador recebeu o carinho dos torcedores ao desembarcar no Rio de Janeiro. Fez a primeira convocação na segunda-feira 26, sem inventar moda. O primeiro jogo da era Ancelotti será em 5 de junho, contra o Equador, em Guayaquil, pelas Eliminatórias da Copa. A chegada do italiano veio cercada de campanha de marketing com slogans na linha de “o técnico mais vitorioso do mundo no comando da seleção mais vitoriosa do mundo”. A frase é boa e até difícil de contestar, mas o que vai valer mesmo é quando a bola começar a rolar.
Publicado em VEJA de 30 de maio de 2025, edição nº 2946