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974: por que estádio do jogo do Brasil é o mais sustentável das Copas

Construído com aço reciclado e 974 contêineres, estádio tem ventilação natural, será desmontado após o Mundial e pode até ser reutilizado em 2030 no Uruguai

Por Luiz Felipe Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 nov 2022, 18h11

DOHA – O Catar é um país com tradição praticamente nula no futebol, e não à toa sua seleção já está eliminada com a pior campanha de um anfitrião em Mundiais. No entanto, o estádio onde a seleção brasileira disputará seu segundo jogo nesta Copa do Mundo, diante da Suíça, na segunda-feira, 28, já é um palco histórico. O 974 Stadium, erguido na região portuária de Ras Abu Abboud com contêineres e aço reciclável, é único por sua arquitetura inovadora, a mais sustentável de todas as Copas.

O estádio onde Cristiano Ronaldo e Kylian Mbappé já deixaram suas marcas nesta semana foi projetado pelo escritório espanhol Fenwick Iribarren. É o único palco à beira-mar, o que já lhe garantiria um visual incrível, mas o que o diferencia mesmo é a sua concepção repleta de referências e olhar ecológico. O nome 974 faz alusão ao código telefônico do país e ao número de contêineres utilizados para sua construção. Já a escolha pelos materiais reflete a proximidade com o porto a tradição industrial da região.

Numeração nos contêineres sinaliza os portões de entrada do estádio 974
Numeração nos contêineres sinaliza os portões de entrada do estádio 974 (-Luiz Felipe Castro/VEJA)

Suas cores vivas e o visual moderno atraem olhares curiosos e podem ser vistos a quilômetros de distância desde outra maravilha arquitetônica de Doha, o Museu Nacional do Catar, projetado por Jean Nouvel, na região de Corniche. Antes de a bola rolar, milhares de torcedores fazem questão de tirar selfies ao redor dos contêineres que demarcam os números dos portões de entrada.

Com capacidade para 40.000 pessoas (número ampliado para 44.000 durante o Mundial), o estádio 974 foi inaugurado na abertura da Copa Árabe de 2021, em um duelo entre Emirados Árabes Unidos e Síria. Antes de ser desmontado, o 974 receberá, além de Brasil x Suíça, mais três jogos desta Copa: Polônia x Argentina, dia 30, Sérvia x Suíça, dia 2 de dezembro, e um duelo das oitavas de final, possivelmente do Brasil, dia 5 de dezembro.

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Legado sustentável

Mas o que torna este estádio realmente elogiável é o seu aspecto ecológico e econômico. Sua concepção modular requer o uso de menos materiais, o que ajudou a reduzir os custos da obra, que, no entanto, não foram revelados. A Fifa garante se tratar do primeiro estádio de alto nível completamente desmontável e reutilizável, com uma estrutura de aço que pode ser reciclada e reutilizada. Já há promessa de que os assentos e o teto sejam usados em parques populares. O objetivo era claro: não deixar (tantos) elefantes-brancos como legado para um país onde o futebol ainda engatinha.

“A sustentabilidade é parte do legado da Copa também. Pensar no meio ambiente e não apenas construir elefantes brancos que não serão usados depois. Este estádio será usado em outro lugar no mundo”, discursou o presidente da Fifa Gianni Infantino, no início do ano. Já há, inclusive, quem tenha manifestado o desejo de “transportar” a obra-prima arquitetônica. O secretário de Esportes do Uruguai, Sebastián Bauza, contou recentemente que o 947 poderia ser remontado em Montevidéu caso o país consiga levar a edição de 2030, a que marca o centenário da Copa, para seu país-sede original. Isso causaria um efeito inédito no esporte: fãs na América do Sul poderiam dizer que estão pisando no palco onde Cristiano Ronaldo bateu um recorde no Catar (tornou-se o único a fazer gols em cinco Copas distintas).

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Outra exclusividade do estádio do 974 é o fato de ser o único a não utilizar ar condicionado nas arquibancadas, projetadas para receber ventilação natural da brisa vinda do porto. Além disso, ainda segundo a Fifa, os métodos de eficiência hídrica da obra reduzem em 40% o uso de água em relação a campos convencionais. O 974 Stadium recebeu a certificação cinco estrelas do Sistema de Avaliação de Sustentabilidade Global. Para tirar um 10, só faltou deixar claro quanto a obra custou. De qualquer forma, caso um jogador da seleção balance as redes contra a Suíça, poderá dizer que deixou sua marca em um estádio memorável. O jogo começa às 13h (de Brasília).

“Estádio de Lego”: o 974 foi erguido com contêineres encaixados (- Luiz Felipe Castro/VEJA)
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