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Weinstein é acusado de estupro no início de seu julgamento

Produtor de 67 anos foi acusado em Los Angeles de abusar sexualmente de duas mulheres não identificadas em 2013

Por AFP 6 jan 2020, 21h32

O outrora todo-poderoso produtor de Hollywood Harvey Weinstein foi acusado nesta segunda-feira, 6, de novos crimes sexuais em Los Angeles, no mesmo dia do início de seu julgamento penal em Nova York, em um dia histórico para o movimento #MeToo.

Weinstein, de 67 anos, foi acusado em Los Angeles de abusar sexualmente de duas mulheres não identificadas em 2013.

O primeiro abuso teria ocorrido em 18 de fevereiro de 2013, quando, segundo o Ministério Público, Weinstein entrou sem permissão no qual de hotel de uma mulher e a estuprou. No dia seguinte, supostamente abusou sexualmente de outra mulher em seu quarto de um hotel em Beverly Hills.

“As provas demonstrarão que o acusado utilizou seu poder e influência para ter acesso a suas vítimas e em seguida cometer crimes violentos contra elas”, disse a promotora Jackie Lacey em nota. “Quero elogiar as vítimas que se apresentaram e contaram corajosamente o que aconteceu com elas”.

Weinstein afirma ser inocente.

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“Suficientemente degradadas”

Mais cedo, em Nova York, Weinstein foi a tribunal vestindo um terno escuro e usando um andador depois de passar por uma recente cirurgia nas costas devido a um acidente de carro que sofreu em agosto. Ele parecia pálido e fraco.

Nos arredores da corte, umas 15 mulheres protestavam, inclusive as atrizes Rosanna Arquette e Rose McGowan.

“O tempo acabou, ‘Time’s Up’. O tempo do assédio sexual no trabalho acabou, o tempo de culpar os sobreviventes acabou, o tempo de desculpas vazias sem consequências e da ampla cultura do silêncio que permitiu que agressores como Weinstein agissem”, disse Arquette.

Desde que o movimento surgiu após o tsunami de acusações contra Weinstein, quase todos os homens que foram acusados e perderam seus postos de trabalho evitaram processos penais.

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O produtor de Pulp Fiction – Tempo de Violência pode ser condenado à prisão perpétua se for considerado culpado neste julgamento sobre agressões contra duas mulheres, que deve durar de seis a oito semanas.

A audiência desta segunda, em Nova York, presidida pelo juiz James Burke durou uma hora e 15 minutos e definiu aspectos logísticos do julgamento.

A primeira batalha será a seleção do júri, que começa amanhã e pode durar até duas semanas.

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Durante a audiência, a Promotoria pediu que o juiz ordene a defesa a manter silêncio sobre o processo fora do tribunal.

“As mulheres já foram suficientemente degradadas”, disse a promotora Joan Illuzi-Orbon, acusando a advogada de defesa, Donna Rotunno de sugerir que, como muitas acusadoras são atrizes, elas estão atuando quando denunciam os abusos.

Rotunno garantiu que não fez nada errado, e criticou a promotora por classificar seu cliente como “predador” na corte.

“Não foram em vão”

Quase 90 mulheres, incluindo atrizes famosas como Angelina Jolie e Gwyneth Paltrow, denunciaram o ex-produtor por assédio, agressão sexual, ou estupro, desde que o jornal “The New York Times” revelou várias acusações contra ele em 5 de outubro de 2017.

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Weinstein está sendo julgado em Nova York apenas por agressões contra duas mulheres, já que os demais crimes prescreveram.

O mesmo aconteceu em Los Angeles, onde o Ministério Público reportou casos de estupro que datam dos anos 1970 e não podem mais ser julgados.

Além das acusações apresentadas nesta segunda-feira, a promotora Lacey disse que analisa outras três denúncias.

Em um comunicado, 25 mulheres que romperam o silêncio contra Weinstein, entre as quais estão Arquette e McGowan, além de Mira Sorvino, comemoraram a acusação na Califórnia.

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O início do julgamento em Nova York mais o anúncio de novas acusações “são um claro indício de que os riscos que assumimos [ao contar suas histórias] e as consequências que enfrentamos posteriormente não foram em vão”.

No entanto, para Bennett Gershman, ex-promotor e professor de direito em Nova York, o anúncio de Lacey pode dificultar o julgamento e dar argumentos aos advogados de Weinstein para pedir um adiamento até que a situação se acalme, explicou à AFP.

A defesa já tinha pedido para “sequestrar” o júri para evitar que outros processos judiciais – como o de Los Angeles – influa em sua imparcialidade. O juiz recusou o pedido.

Testemunho de Sciorra

Uma das acusadoras é a ex-assistente de produção Mimi Haleyi, segundo a qual o produtor praticou sexo oral nela contra sua vontade no apartamento do réu, em Nova York, em julho de 2006.

A segunda acusadora permanece no anonimato. Ela afirma que Weinstein, cofundador da produtora Miramax Films, violentou-a em um quarto de hotel de Nova York em março de 2013.

A acusação foi modificada em agosto para incluir o depoimento da atriz da série “Família Soprano” Annabella Sciorra, que relata ter sido violentada por Weinstein no inverno de 1993-94.

Se Weinstein for considerado culpado pelo júri e receber a pena de prisão, será um marco para o movimento #MeToo, que luta contra o abuso sexual e de poder em Hollywood e outras indústrias, como o jornalismo, a gastronomia e a música.

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