Harvey Weinstein: O predador no banco dos réus
Caso envolve celebridades como Salma Hayek, Charlize Theron e Angelina Jolie
Dois anos depois da primeira — e bombástica — reportagem sobre os abusos sexuais cometidos por um dos mais poderosos produtores de Hollywood, Harvey Weinstein entrou no prédio da Suprema Corte do Estado de Nova York, na segunda-feira 6, para o primeiro dia de seu primeiro julgamento. Lá ele enfrentará duas acusações, uma de abuso sexual, em 2006, e a outra de estupro, em 2013. A promotoria espera também comprovar a prática contumaz de “crime sexual grave” — o que pode render pena de prisão perpétua. Caminhando com dificuldade, apoiado em um andador (ele recentemente passou por cirurgia na coluna), Weinstein, de 67 anos, parecia abatido. Nem por isso deixou de digitar no smartphone, freneticamente, o que lhe rendeu uma bronca do juiz James Burke.
Os primeiros dias no tribunal são dedicados à formação do júri, exercício complicado em um caso que envolve celebridades como Salma Hayek, Charlize Theron e Angelina Jolie e que desencadeou um movimento mundial de denúncias de assédio, o #MeToo. Da primeira leva de 120 convocados, 43 disseram não ser capazes de decisão imparcial. Embora tenha fechado um acordo de 25 milhões de dólares com a maior parte de suas vítimas, é pouco provável que Weinstein, hoje doente e falido, saia incólume. No mesmo dia do julgamento em Nova York, a Promotoria de Los Angeles informou haver acolhido a queixa de mais duas mulheres contra ele, por abusos cometidos na cidade. A pena máxima nesse caso é de 28 anos.
Publicado em VEJA de 15 de janeiro de 2020, edição nº 2669