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Semipresencial é opção para quem não se adapta apenas ao online

Especialistas acreditam que cursos que misturam ferramentas tecnológicas com atividades presenciais nortearão a formação dos brasileiros nos próximos anos

Por Mariana Lajolo
Atualizado em 20 jul 2018, 08h01 - Publicado em 20 jul 2018, 06h00

Após se formar em musicoterapia na FMU, num curso presencial, Christiane Trotta, 36 anos, optou por uma segunda graduação em pedagogia, na Unip Interativa, desta vez a distância. Sentiu a diferença.

“Nunca tinha feito nada a distância, nem tutorial de maquiagem. Escolhi uma faculdade pioneira em EAD. A independência de assistir às aulas e de fazer os exercícios quando e onde fosse foi a melhor parte. Por outro lado, tive dificuldade de me organizar para ser ‘autodidata’ e senti tudo muito impessoal. O rico em uma aula é a troca entre as pessoas, a troca de ideias, principalmente em um curso como pedagogia, em que assuntos como ética, filosofia e sociologia fazem parte do currículo”, afirma ela, que levou cinco anos para concluir o curso, incluindo os períodos de estágio e o TCC, e não pretende repetir a experiência.

Cursos semipresenciais podem ser opção para alunos que não se adaptam ao formato apenas online. Neles, os alunos continuam estudando e assistindo às aulas em ambientes virtuais, mas combinam essa experiência com vivências em salas e laboratórios.

De acordo com profissionais que trabalham com educação superior a distância, esse pode ser o futuro do ensino. Os especialistas acreditam que a mistura de ferramentas tecnológicas com atividades presenciais, que ganhou força no Brasil desde 2005, irá nortear a formação dos estudantes brasileiros nos próximos anos.

Eles afirmam que, se bem estruturado, o curso híbrido pode ajudar o estudante aproveitar o melhor das duas modalidades. O ensino 100% a distância apresenta uma certa limitação na interação dos alunos com os professores, com os colegas e com todo o ambiente acadêmico da universidade, além de ser insuficiente para algumas disciplinas que pedem atividades práticas e de laboratório, como nas áreas de engenharia e saúde. Já o estudo apenas presencial pode não demandar tanta dedicação à pesquisa, desenvolvimento de autonomia e participação ativa no processo de aprendizado, habilidades hoje vistas como essenciais no mercado de trabalho e que norteiam a nova Base Nacional Comum Curricular, documento que irá nortear a educação brasileira do infantil ao ensino médio.

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“[Nos cursos híbridos] A tecnologia é usada para preparação do conhecimento, e o ambiente físico, para a experiência educacional, para a discussão e para a interação social, que faz parte do processo de formação do cidadão”, diz Carlos Longo, diretor da Associação Brasileira de Educação à Distância (Abed) e pró-reitor acadêmico da Universidade Positivo. “Muitos alunos ainda não entenderam que educação serve para você adquirir conhecimento e não apenas para passar na prova. Esse formato ajuda a desenvolver habilidades importantes para o estudante”, completa.

A ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) é uma das faculdades que investem nessa categoria e criou o primeiro master do país em neurociência do consumidor no formato blended learning (aprendizado híbrido, em tradução livre do inglês). Além de atividades a distância com a flexibilidade de horários que o EAD oferece, os alunos participam de encontros presenciais simultaneamente realizados nas três unidades da instituição (São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre).

Os alunos estudam a fundamentação teórica por conta própria, por meio de aulas, vídeos e pesquisas online e discutem e aprofundam aquele arcabouço teórico nos encontros presenciais, tendo o professor como um tutor que conduz o processo.

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“Nosso programa de blended learning propõe representar o que acontece no dia a dia das pessoas. Nosso ambiente é híbrido, não separa mais online e offline, existe uma conexão entre eles. As atividades presenciais não são uma repetição do que o aluno viu a distância, são uma oportunidade de aprofundamento e vivência da teoria apreendida online”, diz Tatsuo Iwata, pró-reitor de pós-graduação lato sensu e educação continuada da ESPM.

O hibridismo pode ajudar a aumentar a oferta e a aceitação de cursos a distância na área de saúde que, segundo especialistas, ainda vê com ressalvas essa modalidade por conta da necessidade de vivências práticas e laboratoriais.

“A tecnologia pode ser usada principalmente para partes teóricas e para pesquisa. O aluno pode usar um simulador 3D para conhecer órgãos do corpo, por exemplo, e quando vai para a parte prática já tem noção do que vai tratado. É uma ignorância achar que a parte prática será excluída”, diz Carlos Longo.

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