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Maria Helena de Castro: meio acadêmico resiste à reforma no ensino médio

De acordo com ex-secretária executiva do Ministério da Educação o motivo é a distância entre a universidade e a realidade da escola pública

Por Da Redação Atualizado em 29 Maio 2018, 18h43 - Publicado em 29 Maio 2018, 12h19

Ex-secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro defendeu no fórum Amarelas ao Vivo, promovido esta terça-feira por VEJA, a reforma do ensino médio, idealizada por ela. O projeto foi aprovado durante o governo de Michel Temer (MDB) e está previsto para entrar em vigor até 2020. Recém-saída da pasta, a socióloga foi entrevistada pela editora executiva Monica Weinberg.

“A reforma do ensino médio responde a um conjunto de demandas da sociedade, dos jovens e secretários de educação, que existem há muito tempo. Acaba com a ideia de um currículo único e engessado, pouco atraente”, avaliou, citando que o modelo em vigor até hoje é pouco eficaz, já que uma pequena parcela dos estudantes deixa a escola com plena aplicação dos conhecimentos ensinados.

Segundo os cálculo de Maria Helena, 60% do currículo deverá seguir uma base comum. O restante será cumprido com disciplinas eletivas e cursos profissionalizantes. “A base envolve valores e atitudes de como combinar competências cognitivas e socioemocionais”, sintetiza.

Para dar certo, ela defende a formação continuada dos professores e o projeto de “residência pedagógica” para aproximar os docentes do cotidiano das salas de aula. “É tentativa de melhorar a articulação entre teoria e pratica, para que os professores saiam mais bem preparados da faculdade.”

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Maria Helena, entretanto, vê resistência no meio acadêmico. “É um processo que vai ser lento, mas vai acabar acontecendo. Até na Finlândia há resistência a mudanças. A universidade reúne pessoas qualificadas, mas que muitas vezes estão distantes da realidade da escola pública, das secretarias de educação.” No processo de reforma, ela também conta ter observado resistência de professores que temiam ficar sem espaço, mas garante que todos poderão ser contemplados por projetos pedagógicos “criativos”.

Sobre eventuais mudanças do Enem, a socióloga concorda que o exame deverá passar por mudanças, mas, fora do ministério, não arrisca dizer quais são. Ela, no entanto, faz uma aposta: “Acredito em um Enem que avalie a parte obrigatória em uma prova mais enxuta. Haverá uma parte flexível que deverá ser avaliada pelas próprias instituições”. A única opção que a especialista descarta de pronto é a inclusão do histórico escolar no processo de seleção das universidades, isso porque o Brasil não tem um currículo único comum. “A base curricular é uma referência. Estados e municípios têm suas autonomias que devem ser respeitadas.”

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