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Inteligência artificial não substituirá o professor, diz especialista

Marcelo Finger afirmou também que noções sobre sistemas de computação devem ser ensinadas desde a infância, no começo do aprendizado

Por Guilherme Venaglia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 17h06 - Publicado em 29 Maio 2018, 13h19

Esqueça as cenas apocalípticas que ficaram consagradas no cinema mundial. A inteligência artificial já chegou e é muito menos assustadora do que se imagina. “Lamento frustrar [risos], mas não é nada disso. A inteligência artificial é um conjunto de softwares que desenvolvem técnicas de processamento da informação tentando simular alguma habilidade humana. Ela até pode ser posta em um robô humanoide, mas na maior parte do tempo é um programa em um computador”, diz o cientista da computação Marcelo Finger, professor da Universidade de São Paulo (USP), durante sua participação no fórum Amarelas ao Vivo, versão de palco das tradicionais Páginas Amarelas de VEJA.

“Aplicativos de localização consideram diversos fatores, como trânsito, a hora do dia, a época do ano e dão uma solução da melhor rota para fazer um transporte. Isto é um exemplo de técnicas de inteligência artificial. Outro: inteligência artificial está em laboratórios de exames médicos, analisando padrões em exames de imagem e verificando se há alguma anomalia e onde ela estaria, sugerindo um diagnóstico”, disse ao editor Silvio Navarro. “São processos nos quais há uma decisão a ser tomada. Esse processo de tomada de decisão é parte do que se estuda na inteligência artificial.”

Para o professor, é cada vez mais importante ensinar o funcionamento desses sistemas desde as primeira idade na escola, sem necessariamente precisar de máquinas à disposição das crianças. “Você pode ensinar a representar informação codificada por meio de um bilhete, cifrar uma mensagem. É possível ensinar ciência da computação sem os computadores, de uma forma lúdica, que explore a lógica e a imaginação das crianças”, avaliou.

De acordo com o especialista, a eliminação de postos de trabalho substituídos pela inteligência artificial preocupa, mas não desespera. Para ele, novas vagas devem surgir, mas é preciso que as novas gerações estejam preparadas para executá-las.

“Precisamos de pessoas no Brasil que conheçam a área, que consigam manejar essa tecnologia e tenham ideias inovadoras. É uma área eminentemente multidisciplinar. Além de saberem computação, programação, matemática, estatística, elas precisam conhecer elementos de linguagem, por exemplo”, afirmou.

A inteligência artificial, no entanto, não deverá substituir os docentes. “Na grande maioria dos casos você precisa de um professor, nem que seja muitas vezes pela cobrança. O tempo de aprendizado humano não mudou, o conhecimento ainda precisa ser sedimentado aos poucos.”

 

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