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Em Dubai, Bolsonaro admite interferência política no Enem

Declaração de presidente confirma existência de filtro ideológico, denunciado por VEJA

Por Ricardo Ferraz Atualizado em 15 nov 2021, 17h25 - Publicado em 15 nov 2021, 17h22

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou nesta segunda-feira, durante viagem oficial aos Emirados Árabes Unidos, que o Enem “começa a ter a cara do governo”.  A declaração ocorre depois de 37 servidores do Inep, o órgão responsável pelo exame, terem pedido exoneração de seus cargos após denúncias de assédio moral e de interferência política na prova.

“Começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. Ninguém está preocupado com aquelas questões absurdas do passado, de cair um tema de redação que não tinha nada a ver com nada. É realmente algo voltado para o aprendizado”, afirmou Bolsonaro durante fórum de investimentos em Dubai. 

Em reportagem exclusiva, a revista VEJA revelou as tentativas do presidente do Inep, Danilo Dupas, de determinar o conteúdo das questões. Um Policial Federal chegou a entrar na “sala segura”, um ambiente restrito aos funcionários que trabalham na elaboração do teste, e fez perguntas que constrangeram os funcionários. O ato foi visto como uma maneira de intimidação por um servidor que presenciou a cena.

Dupas também tentou impor nomes de sua confiança para compor a equipe que elabora a prova. Nenhum deles fazia parte dos quadros do Inep. Diante da reação negativa dos educadores da autarquia, voltou atrás, mas vetou nomes de servidores que não passaram por seu crivo ideológico.

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Nas últimas semanas, funcionários do Inep, sob condição de anonimato, afirmaram à reportagem que as pressões deram resultado. “Fizemos uma prova o mais ‘chapa branca’ possível.

Em todas as edições anteriores do Enem, Bolsonaro fez crítica à prova. Na edição de 2020, que ocorreu em meio à pandemia e foi marcada pelo excesso de alunos e confusão em alguns estado, o presidente demonstrou irritação com uma questão que comparava os salários dos jogadores de futebol Marta e Neymar.

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