Declaração de ministro da Educação eleva risco de caos no Enem
Milton Ribeiro reduz crise no Inep à questão administrativa e causa desconfiança em servidores
A resposta do ministro da Educação, Milton Ribeiro, à crise do Inep, órgão responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio, elevou o grau de preocupação com a aplicação da prova no próximo domingo entre os servidores da autarquia.
Na tarde desta terça-feira, 16, Ribeiro se reuniu com o ministro da Justiça, Anderson Torres, para tratar da segurança do Enem. Ao final do encontro, Ribeiro deu sua interpretação para o pedido de exoneração de 37 servidores que ocupavam cargos de coordenação no Inep: “Tiveram lá uma discussão a respeito de uma gratificação a mais. Isso é um assunto administrativo, que não tem nada a ver com prova de Enem. [Tem] tudo a ver com pagamento, ou não, de gratificação” disse o ministro.
Um alto funcionário do Inep, diretamente responsável pela prova, disse à reportagem de VEJA que a declaração assustou os servidores. Há o temor de que a culpa por eventuais problemas que surgirem na aplicação da prova recaia sobre os funcionários que compõem a Equipe de Tratamento de Risco. A chamada ETIR é uma espécie de comissão, reunida em uma sala de situação durante o dia da prova, responsável por arbitrar e resolver situações de conflito no dia do exame.
Como compor a ETIR não é uma atribuição listada nas obrigações dos servidores do Inep, normalmente, o órgão remunera os servidores voluntários que se inscrevem para desempenhar esse papel. Esse ano, no entanto, a gestão de Danilo Dupas, se recusou oferecer a gratificação.
A ETIR é formada por cerca de 40 funcionários, que se reúnem em Brasília, mais 25 em cada uma das capitais dos estados. O prazo para a inscrição terminou nessa terça-feira, mas, até o momento o processo não foi concluído por falta de voluntários. A menos de uma semana da prova, nenhum bilhete aéreo foi emitido. “Não há confiança, enquanto Danilo Dupas estiver na presidência”, diz um servidor.
A situação parece não incomodar Milton Ribeiro que mantém Dupas no cargo, apesar da crise no Inep. Nesta terça-feira, ao comentar as tentativas de interferência política no Enem, reveladas por VEJA e praticamente confirmadas pelo presidente da República, que afirmou que o exame está ficando com a cara do governo, o ministro da Educação foi categórico: “Vai ter a cara do governo, sim: seriedade, honestidade e o máximo de competência possível”.