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Cai número de alunos na rede particular de ensino superior do país

Censo da Educação Superior, divulgado pelo MEC, mostra primeira queda na rede privada de ensino em 25 anos. Ministro culpa crise econômica pelos resultados

Por Da redação
Atualizado em 31 ago 2017, 17h19 - Publicado em 31 ago 2017, 17h18

Pela primeira vez em vinte e cinco anos, o número de alunos na rede particular de ensino superior caiu no Brasil. Em 2016, as instituições de ensino particular tinham 6,05 milhões de matriculados – 16.500 estudantes a menos do que no ano anterior. Para representantes do setor, a queda se deve à redução dos contratos do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e à crise econômica no país.

Os dados constam em resumo do Censo da Educação Superior 2016, divulgados nesta quinta-feira, pelo Ministério da Educação (MEC). Estavam cursando o ensino superior no ano passado 8 milhões de estudantes, sendo que a rede privada concentra 75,3% das matrículas. As instituições de ensino registravam aumento desde 2006 – quando tinham 3,6 milhões de alunos.

Já as universidades públicas mantêm praticamente estável o número total de alunos, com 1,99 milhão de matriculados no ano passado – um aumento de 1,9%, em relação a 2015. O total de matrículas em instituições de ensino superior variou apenas 0,2% entre 2015 e 2016 — em 2015, eram 8,03 milhões de matriculados no ensino superior.

Os resultados colocam o país ainda mais distante de atingir a meta do Plano Nacional de Educação (PNE), que prevê elevar a taxa líquida de matrículas nessa etapa de ensino para 33% da população de 18 a 24 anos – em 2015, apenas 18,1% das pessoas nessa faixa etária estavam no ensino superior.

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Queda nos cursos presenciais de graduação

Este é o segundo ano consecutivo em que o Brasil registra queda no número de ingressantes em cursos presenciais de graduação – acumulando, desde 2014, uma perda de 10,1% de novos alunos. Em 2014, entraram nesses cursos 2,4 milhões de estudantes e, em 2016, foram 2,1 milhões.

A diminuição de matrículas ocorreu ao mesmo tempo em que o governo federal restringiu o acesso ao Fies, colocando como regras, por exemplo, a exigência de nota mínima de 450 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e teto de renda para os candidatos. Em 2016, foram 203.500 contratos firmados, de acordo com o Ministério da Educação. O número caiu desde 2014, quando o governo registrou 732.700 contratos.

“É um reflexo nítido da crise econômica, aumento do desemprego e a diminuição drástica do Fies. Esse cenário mostra que o país não tem política pública para o ingresso no ensino superior. A perspectiva para os próximos anos também não parece muito boa já que o Novo Fies tira muitos benefícios dos alunos e quase inviabiliza a oferta de vagas por financiamento pelas instituições”, disse Sólon Caldas, diretor executivo da Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes).

Ensino à distância

O aumento de ingressantes nas graduações a distância segurou a queda de novos alunos no ensino superior. A modalidade teve um aumento de 21,4% nas novas matrículas, passando de 694.500 estudantes em 2015 para 843.100 no ano passado. Os ingressantes que optam pelo ensino a distância já são 28,2% do total – em 2006, a proporção era de 10,8%.

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“O que evitou uma queda ainda maior de novos alunos e de matriculados foram os cursos à distância. Eles não são contemplados pelo Fies e têm um público em uma faixa etária mais velha. Quem ficou de fora da faculdade foi o aluno que terminou o ensino médio, aquele que iria ingressar num curso de bacharelado presencial”, disse Caldas.

Culpa da crise

Para o ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM-PE), a crise econômica é a responsável pelo quadro de estagnação do sistema privado do ensino superior no Brasil. “Eu tenho a percepção clara de que a crise econômica afeta os ânimos e a disposição de jovens de se matricular. As famílias empurram jovem para que possam ajudar na renda familiar, o que dificulta os planos de acesso à educação superior. Minha opinião é de que a crise econômica afetou negativamente a desaceleração no aumento de matrículas no ensino superior”, afirmou o ministro.

“Posso dizer que as mudanças no Fies que estão sendo introduzidas não tiveram qualquer impacto relacionada ao horizonte do novo Fies. Não há nenhuma relação. Acreditamos, inclusive, que o novo Fies vai possibilidade uma curva crescente de acesso à educação superior. A última oferta [de vagas] do programa é inferior à nossa projeção já dentro das novas regras”, afirmou.

O MEC também voltou a destacar a reforma do Ensino Médio como saída para aumentar o quadro de matrículas no ensino superior. O Censo da Educação Superior é uma pesquisa realizada anualmente pelo MEC sobre as instituições de educação superior que ofertam cursos de graduação e sequencias de formação específica, além de seus alunos e docentes.

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(Com Estadão Conteúdo)

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