Vendas no varejo recuam 0,4% em novembro, aponta IBGE
A desaceleração surpreende o mercado, cuja mediana da previsão era de variação positiva de 0,1%, e acende o alerta para um movimento maior de recuo

Apesar da agenda de promoções tradicional no mês de novembro, com a Black Friday, as vendas no comércio varejista no Brasil caíram 0,4% na comparação com outubro, quando houve crescimento de 0,4%. A desaceleração surpreende o mercado, cuja mediana da previsão era de variação positiva de 0,1%, e acende o alerta para um movimento de recuo que poderá continuar em 2025, com juros mais altos e crédito mais caro na praça.
O recuo nas vendas de móveis e eletrodomésticos foi o que mais influenciou negativamente o resultado geral do mês, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quinta-feira, 9, pelo IBGE. No ano, no entanto, o varejo acumula alta de 5%. A média móvel trimestral, que foi de 0,3% em outubro, variou 0,2% no trimestre encerrado em novembro. Na avaliação do gerente da pesquisa, Cristiano Santos, houve uma antecipação das compras da Black Friday.
“O setor de móveis e eletrodomésticos foi o que teve maior queda em novembro. Nos últimos quatro meses, a atividade obteve três quedas (-1,8% em agosto, -3,7% em setembro e -2,8% em novembro) e uma alta (7,8% em outubro). Essa elevação registrada em outubro, porém, foi muito intensa e esteve ligada à antecipação de promoções relacionadas à Black Friday”, afirma.
O resultado acumulado nos últimos 12 meses ficou em 4,6% — 26º mês seguido em que esse indicador é positivo. No comércio varejista ampliado, que inclui, além do varejo, as atividades de veículos, motos, partes e peças, material de construção e atacado especializado de produtos alimentícios, bebidas e fumo, o volume de vendas caiu 1,8% na passagem de outubro para novembro. A média móvel trimestral do varejo ampliado ficou estável no trimestre encerrado em novembro, após registrar 0,4% em outubro.
“O resultado de novembro representa estabilidade pelo segundo mês consecutivo, mas muito próximo do recorde histórico registrado em outubro (0,4%). Vale destacar que, dos últimos cinco meses, os resultados positivos de julho (0,6%) e de setembro (0,6%) foram os únicos a apresentar variação fora da faixa de -0,5% a +0,5%. Mesmo com esse cenário estável, é interessante observarmos que o indicador acumulado no ano (5%) é bastante expressivo quando comparado a anos anteriores”, diz Santos.
Quanto às atividades, cinco dos oito segmentos demonstraram queda: móveis e eletrodomésticos (-2,8%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-2,2%), livros, jornais, revistas e papelaria (-1,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,0%) e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,1%). Por outro lado, entre outubro e novembro de 2024, três grupamentos pesquisados mostraram alta: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (3,5%), combustíveis e lubrificantes (1,5%) e tecidos, vestuário e calçados (1,4%).
Vendas sobem 4,7% em relação a novembro de 2023
As vendas no varejo cresceram 4,7% contra novembro de 2023. Em novembro de 2024, na comparação com igual mês do ano anterior, cinco das oito atividades pesquisadas apresentaram resultados positivos: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (10,2%), tecidos, vestuário e calçados (8,0%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (5,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (3,4%) e combustíveis e lubrificantes (1,7%). No sentido oposto, ficaram equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-10,6%). O setor de móveis e eletrodomésticos, por sua vez, mostrou estabilidade (0,0%).
O grupo de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (10,2%) registrou o 21º mês consecutivo de crescimento (o último mês a registrar queda foi fevereiro de 2023: -0,5%). O setor teve a segunda maior contribuição para a formação da taxa do varejo, somando 1 p.p. ao total de 4,7%. “O setor farmacêutico, na comparação interanual, teve um resultado muito forte e foi destaque em variação e influência. Apesar do crescimento expressivo, a alta acabou sendo menor do que nos últimos meses. De junho a outubro, o setor vinha apresentando expansão superior a 15%, evidenciando uma redução no ritmo de crescimento em novembro”, observa Cristiano.
A atividade de tecidos, vestuário e calçados (8,0%) também teve crescimento nas vendas em relação a novembro de 2023, sendo o sétimo resultado não negativo seguido (2% em maio, 0% em junho, 5,6% em julho, 5,8% em agosto, 3,5% em setembro e 7,9% em outubro). Os resultados foram negativos, quando comparados ao mesmo mês do ano anterior, em somente três dos 11 meses apurados em 2024: fevereiro (-0,5%), março (-0,9%) e abril (-3,7%).
Quanto ao comércio varejista ampliado, observou-se expansão de 2,1% nas vendas frente a novembro de 2023, oitavo mês consecutivo a registrar taxas positivas. A última variação negativa registrada foi em março de 2024 (-1,4%). O resultado é positivo tanto no ano (4,4%) como nos últimos 12 meses (4,0%). Houve altas em duas das três atividades complementares: Veículos e motos, partes e peças (4,5%) e material de construção (3,2%). O único setor a apresentar queda nas vendas foi o de atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (-11,7%).
Em relação a outubro, 17 unidades da federação têm queda nas vendas
Quando comparados os resultados de novembro e outubro de 2024, nota-se que 17 unidades da federação obtiveram desempenho negativo, com destaque para Rio de Janeiro (-5,7%), Paraíba (-4,3%) e Goiás (-2,7%). Dentre as dez UFs com resultados positivos, Espírito Santo (4,1%), Acre (1,3%) e Mato Grosso (1,2%) se destacaram.
No comércio varejista ampliado, houve resultados negativos em 21 das 27 unidades da federação, valendo mencionar Bahia (-5,5%), Rio de Janeiro (-4,9%) e Sergipe (-4,4%). Mato Grosso (2,3%), Amapá (1,2%) e Espírito Santo (0,9%), porém, chamaram atenção dentre os seis estados com desempenho positivo.
(Com agência IBGE)