Empresas preparam uma das maiores temporadas de liquidações da história
Serão descontos em pacotes de viagem, eletrônicos e peças do vestuário
Uma das regras de ouro do mundo dos negócios diz que as crises são grandes geradoras de oportunidades. Se a máxima vale para as empresas, que nessas ocasiões costumam se aventurar na busca por novos produtos e serviços, ela também se aplica no outro lado da moeda — os consumidores. Não poderia haver momento mais favorável para a execução das leis informais que regem a economia. A pandemia do novo coronavírus foi o gatilho para a maior recessão global em décadas, quebrando empresas e destruindo empregos. Agora que o pior parece ter ficado para trás, o mercado começa a reagir. Com as vendas em queda durante todo o ano e praticamente em todos os ramos de atividade, as empresas farão de tudo para cativar os clientes. Nesses momentos, elas usam o principal artifício disponível: as promoções. Desde julho, quando o comércio voltou a reabrir, e até o Natal o país conhecerá uma das maiores temporadas de liquidações de sua história. Isso é positivo para as companhias, mas ainda melhor para os consumidores.
A temporada oficial de descontos começará no próximo dia 3 de setembro, data marcada para o início da segunda edição da Semana Brasil, evento com promoções criado no ano passado pelo governo Bolsonaro. Nos mesmos moldes da Black Friday, a mais tradicional data de compras dos Estados Unidos, ele poderá representar um marco para a recuperação do comércio. “A importância do evento para as empresas será gigantesca”, diz Marcelo Silva, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV). “É uma oportunidade para estimular a retomada e a geração de empregos.”
De fato, muitas companhias já começaram a delinear as suas ofertas. A agência de viagens Agaxtur é uma delas. “Teremos cinquenta produtos com descontos de 30% a 50%”, diz Aldo Leone Filho, presidente da empresa. A Visa, uma das principais bandeiras de cartões do mundo, acertou com seus parceiros a redução de até 70% nos preços de eletroeletrônicos, itens de vestuário e até cursos on-line. O grupo Aliansce Sonae, maior administrador de shoppings do país, diz que os 7 000 lojistas associados darão descontos que também poderão chegar a 70%.
Os empresários apostam em dois fatores principais para justificar o ânimo. Em primeiro lugar, eles se apoiam nos dados da edição 2019 da Semana Brasil. No ano passado, as vendas totais do varejo aceleraram 12%, enquanto as transações no e-commerce dispararam 41%, segundo informações da consultoria Ebit/Nielsen. O segundo motivo é a demanda reprimida pela pandemia. “Esperamos uma alta entre 10% e 15% dos negócios, o que já é bastante satisfatório”, diz Alfredo Cotait, presidente da Associação Comercial de São Paulo. Seja como for, para muitos consumidores esta é a melhor hora para ir às compras.
Publicado em VEJA de 26 de agosto de 2020, edição nº 2701