Comportamento do BC é a única ‘coisa desajustada’ no país, diz Lula
Em dia de encontro do Copom para decidir sobre os juros, Lula critica condução da política monetária e diz que Campos Neto 'trabalha para prejudicar'
![O presidente Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (VEJA/VEJA)](https://preprod.veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2023/06/Sem-titulo-1.jpg?quality=90&strip=info&w=900&h=600&crop=1)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 18, que o comportamento do Banco Central é a única “coisa desajustada” que existe no Brasil neste momento. O Comitê de Política Monetária (Copom), que reúne os diretores e o presidente da autoridade monetária para decidir a taxa de juros, se reúne entre esta terça e a quarta-feira para decidir sobre a taxa Selic. A expectativa do mercado é de manutenção dos juros em 10,5% ao ano.
Em entrevista à Rádio CBN, Lula voltou a criticar o presidente do BC, Roberto Campos Neto. Segundo o presidente, o presidente do BC tem “lado político” e “trabalha para prejudicar o país”.
“Só temos uma coisa desajustada neste país: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Presidente que tem lado político, que trabalha para prejudicar o país. Não tem explicação a taxa de juros estar como está”, declarou Lula.
Desde o início do mandato, Lula critica Campos Neto, indicado ao cargo por Jair Bolsonaro e que continuou na cadeira apesar da mudança de governo porque o Banco Central é independente e o mandato não é mais concomitante ao da Presidência da República. No fim do ano, se encerra o mandato de Campos Neto e Lula poderá indicar um novo presidente. Questionado sobre o perfil do novo comandante do BC, e se Gabriel Galípolo, ex-secretário do Ministério da Fazenda é o favorito, o presidente afirmou que escolherá “alguém responsável, que tenha respeito ao cargo e não se submeta a pressões de mercado financeiro”.
Ao falar de Campos Neto, Lula disse que “duvida” que o presidente do BC tenha mais autonomia que Henrique Meirelles. presidente do BC nos oito anos de suas gestões anteriores. Lula deu a entender que Campos Neto serve a outros interesses e afirmou que Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, tem mais influência que ele na política de juros do BC. “Tarcísio e o governo de São Paulo deve estar achando maravilhosa a taxa de juros de 10,50%”. O presidente criticou a participação de Campos Neto num jantar oferecido pelo governador. “O presidente do Banco Central está disposto a fazer o mesmo que o (Sérgio) Moro fez, ser o paladino da justiça com rabo preso?”, provocou.
Segundo Lula, o Banco Central precisa estar comprometido com o controle da inflação mas também com o crescimento do país. “Temos situação que não necessita essa taxa de juros. Taxa proibitiva de investimento no setor produtivo. É preciso baixar a taxa de juros compatível com a inflação. Inflação está controlada. Vamos trabalhar em cima do real”, completou.