Um ano após sua morte, Maradona é tema de série e podcast investigativo
Produção do Spotify vai analisar os últimos dias antes da morte do astro argentino, reforçando um amplo catálogo de títulos que se debruçam sobre o jogador
No dia 25 de novembro de 2020, a Argentina parou para chorar a morte de Diego Maradona, seu grande ídolo esportivo. Considerado um dos melhores jogadores do mundo e visto como uma divindade na terra natal, Maradona seguiu despertando fascínio depois da morte, e teve a vida vertida em série pelo Amazon Prime Video, em Maradona: Conquista de Um Sonho. Agora, às vésperas do aniversário de um ano de sua morte, o Spotify anunciou um podcast investigativo, a ser lançado no dia 23 de novembro, que se debruça sobre os últimos dias da vida do astro e as milhares de páginas do processo de negligência que recai sobre sua equipe médica, buscando revelar o que realmente aconteceu nos momentos que antecederam sua parada cardiorrespiratória fatal.
Batizado de Os Últimos Dias de Maradona, o podcast argentino será lançada em seis países simultaneamente, com adaptações na língua local. Em português, a produção será narrada pelo veterano do jornalismo esportivo Juca Kfouri. Moldado ao estilo true crime, a série em seis episódios vai costurar áudios do processo a entrevistas exclusivas com fontes próximas para reconstruir os meses finais do jogador. Kfouri também compartilha alguns momentos marcantes que compartilhou com o ídolo argentino, como a primeira vez em que ouviu falar de Maradona nas vésperas da Copa de 78 e quando o conheceu pessoalmente, na Copa de 1990.
Antes da morte, Maradona já havia sido fonte de documentários diversos, que desdobram seus feitos e polêmicas nos mais diversos ângulos. A Netflix, por exemplo, escolheu contar um lado pouco conhecido do jogador em Maradona no México. Lançado poucos dias antes de sua morte, o documentário acompanha a passagem relâmpago de Maradona como treinador do Dorados de Sinaloa, time mexicano que saiu da lanterna para a disputa de finais de importantes campeonatos locais em 2018, sob o comando do argentino. Na HBO, o doc Diego Maradona divide a vida do jogador entre o “Deus” dos argentinos e o “vilão” autodestrutivo, dois opostos complementares equilibradas com maestria pelo diretor Asif Kapadia, também responsável por retratar a vida de Ayrton Senna e Amy Winehouse em sua autodenominada trilogia de gênios prodígios. Antes mesmo do streaming, o jogador já havia sido levado para as telas de cinema por produções como Maradona, a Mão de Deus (2007), primeira dramatização de sua vida, da infância pobre ao estrelato, e Maradona by Kusturica (2008), que contou com um acesso até então inédito ao atleta.
Gigante dentro de campo e proporcionalmente polêmico fora das quatro linhas, Maradona teve uma vida regada por triunfos esportivos e derrocadas pessoais. Nas telas, nos áudios, e em toda a sua vida, o jogador se desdobra em uma série de personas, todas elas com um apelo cinematográfico quase magnético — o garoto humilde nascido na periferia argentina, o gênio da bola e ídolo de uma nação, o marido infiel e amante apaixonado, o Deus cultuado em altares, o defensor dos pobres e, mais recentemente, o idoso negligenciado por seus cuidadores. É Maradona que não acaba mais.