Último parceiro musical de Belchior guarda canções inéditas
Cantor morreu aos 70 anos e foi sepultado em Fortaleza
O violonista Diego Figueiredo diz guardar composições inéditas de Belchior, cantor que morreu aos 70 anos no último domingo, e cujo corpo foi sepultado nesta terça-feira, em Fortaleza. Diego, que é de Franca, interior de São Paulo, foi o último parceiro musical de Belchior e esteve ao lado do cantor durante seis anos, inclusive, excursionando pelo país e fora dele.
Diego conta que foi em sua chácara, na cidade paulista, que Belchior fez o seu último álbum com composições próprias. “Ele trabalhou em cima dos poemas de Carlos Drummond de Andrade e o resultado foi um álbum duplo muito bom”. Segundo ele, para esse trabalho Belchior esteve várias vezes em Franca, o que somente aumentou o vínculo entre os dois artistas.
Juntos eles também fizeram mais de 500 shows por todo o país e fora, como na Alemanha. “Me lembro de apresentações maravilhosas em Berlim”, diz Diego. Segundo ele, esta foi a última fase artística do cantor cearense. “Depois houve o período de reclusão e naquela época eu e outras pessoas não tivemos mais contato com ele, porque tinha uma pessoa que impedia”, conta.
Os dois trabalharam juntos entre os anos de 2001 e 2007, ocasião em que o violonista compôs obras com Belchior e ficou conhecendo outros títulos ainda inéditos do artista. “Belchior era muito bom nos mais diversos ritmos e fez sambas lindos, lembrando o Paulinho da Viola.”
Sobre esses trabalhos, Diego Figueiredo diz que irá conversar com o ex-empresário de Belchior e com a família do artista. “Ele tinha mais de 200 músicas inéditas, por isso, quero saber se eles também têm algum desse material e como posso trabalhar com isso”, explicou.
Belchior morreu dormindo, ao som de música clássica, segundo a delegada plantonista da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA), Raquel Schneider, que acompanha a investigação da morte do cantor cearense. O corpo foi encontrado por sua companheira, Edna Prometeu, na sala de estar da casa em que vivia no município de Santa Cruz do Sul (RS), na manhã de domingo.
Apesar de recluso, ele ainda estaria compondo. Nos últimos meses trabalhava em uma tradução da obra de Dante Alighieri.
(Com Estadão Conteúdo)