Tela em que Gauguin homenageia Pissarro será leiloada em Paris
Pintura faz referência velada a quem o pós-impressionista chamava de 'querido professor'
Camille Pissarro foi uma das grandes influências técnicas e afetivas na pintura do francês Paul Gauguin. Apesar da visibilidade do pupilo, uma das poucas obras em que ele homenageia o mestre passou longe das vistas do público desde 1920, tendo participado apenas de duas exposições: uma na França, em 1964, e outra nos Estados Unidos, quase meio século depois. O Jardim de Pissarro, pequeno óleo sobre tela, vai a leilão em Paris no próximo dia 29 de março, anunciou a Sotheby’s nesta quinta-feira, 14.
A tela tem valor estimado entre 600.000 e 900.000 euros, um valor baixo pela assinatura: Gauguin já ultrapassou os 2 bilhões de euros em leilões internacionais com tela de sua fase mais conhecida. A venda de Nafea Faa Ipoipo (Quando você vai se casar?), realizada em um período já bem distante da formação impressionista. Foi em 2015 em recorde da mesma casa leiloeira.
O quadro retrata uma casa com alguém, sobre um guarda-sol, a observar a paisagem. Como Gauguin visitava muito Pissarro, embora o personagem tenha o rosto escondido, Aurélie Vandevoorde, diretora do Departamento de Arte Impressionista e Moderna da Sotheby’s na França, acredita que se trata do pintor, a quem Gauguin chamava de “meu querido professor”.
“É muito comovente poder revelar ao público uma pintura emblemática de sua obra e testemunho do encontro de dois grandes mestres da arte moderna: Gauguin e Pissarro”, disse a instituição em um comunicado. “Existem pouquíssimos quadros dessa época no mercado artístico parisiense e a presença de dois autorretratos na parte posterior fazem desta tela uma obra única em seu gênero.”
Gauguin conheceu Pissarro entre os anos 1879-1881, quando começava a carreira de pintor. A cumplicidade entre os dois pode ser vista também em um desenho realizado pelos dois artistas a quatro mãos de 1880. A obra, hoje no Museu d’Orsay, representa um retrato de Gauguin feito por Pissarro misturado com o do mestre feito pelo aluno. A edificação da tela que vai a leilão é onde Pissarro viveu em Pontoise, no Quai du Pothuis, entre o verão de 1881 e novembro de 1882.
(Com AFP)