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Tarantino lança seu 1º livro em um aceno à aposentadoria

O excêntrico diretor de cinema escreveu um romance baseado em 'Era uma Vez... em Hollywood' – e garante que seu próximo filme será o último

Por Tamara Nassif Atualizado em 29 jun 2021, 10h52 - Publicado em 29 jun 2021, 10h44

De todos os adjetivos que vêm à mente quando o assunto é Quentin Tarantino – imaginativo, engenhoso, sanguinolento, imprevisível, e por aí vai –, um em particular resume todos os outros: excêntrico. Com nove filmes e mais de quinhentas mortes ficcionais no currículo, seu estilo de fazer cinema é tão único que foi cunhado o termo “tarantinesco” para descrevê-lo, honraria que o coloca ao lado de outros gigantes como William Shakespeare e Franz Kafka. Agora, em meio a planos de aposentadoria aos 58 anos, seus genes mirabolantes saíram das telas para o papel: nesta terça-feira, 29, chega às livrarias seu primeiro romance Era Uma Vez em Hollywoodbaseado em seu longa homônimo de 2019.

Era uma Vez em Hollywood, de Quentin Tarantino (Tradução de André Czarnobai; Intrínseca, 560 páginas; 49,90 reais e 34,90 o e-book) -
Era uma Vez em Hollywood, de Quentin Tarantino (Tradução de André Czarnobai; Intrínseca, 560 páginas; 49,90 reais e 34,90 o e-book) – (//Divulgação)

O salto da sétima arte para a quinta é fruto de um planejamento há muito anunciado – e constantemente reforçado – pelo diretor. Depois do sucesso do filme que retrata (entre extrapolações e fatos) o assassinato da atriz Sharon Tate pelos seguidores da seita de Charles Manson, Tarantino disse que “já deu tudo de si” e planeja que seu próximo filme seja o último de sua carreira de 30 anos. É uma decisão polêmica: em entrevista a Bill Maher, comediante americano e apresentador de TV, o mais excêntrico dos diretores foi confrontado quanto à aposentadoria precoce. “Você é muito novo para parar! Está no auge da sua carreira”, disse o dono do programa Real Time With Bill Maher. Tarantino respondeu: “Justamente por isso que eu quero parar.”

“Eu conheço a história do cinema e sei que, daqui por diante, diretores não melhoram. Eu não tenho um motivo que ganharia discussões em tribunais de opinião pública, ou na Suprema Corte, ou qualquer coisa assim. Ao mesmo tempo, trabalho com cinema há 30 anos e já fiz muitos filmes, talvez não tanto quanto outros diretores, mas o bastante para ter uma longa carreira”, disse, com incentivos da plateia. “Minha carreira é realmente muito longa, e eu já dei tudo de mim.”

Para a vida longe da direção cinematográfica, Tarantino já disse que se interessa por escrever livros. Na  obra lançada nesta terça-feira, a instável Hollywood de 1969 é cenário para o ator Rick Dalton (no cinema, Leonardo DiCaprio) e o dublê Cliff Booth (Brad Pitt), que penam para encontrar um bom trabalho, enquanto se recusam a aceitar que, talvez, o fim de suas carreiras esteja próximo. Entre flashbacks e flashfowards, o (agora) autor deixa transparecer as próprias opiniões sobre a “era de ouro” do cinema, com reflexões sobre filmes estrangeiros e até cenas de sexo nos primeiros minutos das produções. O gene “tarantinesco”, é claro, não fica de fora: há uma morte tão grotesca que, com licença a Danilo Angrimani, sai sangue se espremermos as páginas do livro.

O livro, publicado no Brasil pela Intrínseca — e que será parte do kit do Clube Intrínsecos em julho —, é o primeiro fruto de um contrato com a editora americana Harper Collins. Além dele, é esperado um outro de não-ficção: batizado de Cinema Speculation, trata-se de uma coletânea de escritos pessoais sobre a Hollywood de 1970. Como se passam na mesma época, é possível que sejam complementares em certo grau – mas uma coisa é certeza: assim como em seus nove filmes lançados até aqui, seus dois livros carregarão sua excêntrica marca registrada. Ainda bem.

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