Prestes a estrear no palco dos EUA, Antonio Fagundes revê críticas na TV
Ator, que leva a comédia ‘Baixa Terapia’ a Miami, Orlando e Boston e acaba de gravar série da Globo, diz ter ‘aceitado’ resenhas negativas por ‘Velho Chico’
Aos 69 anos de idade e 55 de atuação, iniciada ainda na pré-adolescência, no teatro da escola, Antonio Fagundes se prepara para um debute. No fim deste mês, com o filho e parceiro de produção teatral, Bruno Fagundes, ele leva aos Estados Unidos Baixa Terapia, comédia que no Brasil já caminha para os 150.000 espectadores. Será a primeira vez do ator de sucessos da TV como Dancin’ Days e Carga Pesada, da Globo, em um palco americano.
Apesar da experiência, Fagundes diz não estar imune à ansiedade que acomete os atores antes de entrar em cena e encarar uma nova plateia. Preocupação que, afirma, é a única da curta turnê que fará pelos EUA em parceria com a BIS Entertainment, empresa que se especializou em transportar produções para brasileiros radicados no país.
“Não estou preocupado com a crítica local. A principal crítica que tivemos no Brasil foi o volume de público, a presença maciça da plateia por onde passamos. Essa crítica é imbatível”, diz ator, que também afirma ter aceitado as resenhas negativas sobre a sua atuação na novela Velho Chico, de Benedito Ruy Barbosa, em que fazia o Coronel Afrânio, Saruê para os inimigos, caracterizado por uma peruca falsa e uma fala embolada.
“Estamos abertos para isso mesmo, para submeter o nosso trabalho à apreciação pública. Muitas pessoas me criticaram e eu aceitei, até porque eram mais de 40 milhões de espectadores. Se eu tive aí uns 10 milhões que gostaram de mim, eu estou satisfeito”, pondera o Fagundes veterano, já escalado para outro trabalho na Globo, a série Se Eu Fechar os Olhos Agora, que acaba de gravar. Baseada no romance de mesmo título do jornalista Edney Silvestre, vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura em 2010, a série deve ir ao ar no começo de 2019. Fagundes será Ubiratan, um personagem enigmático que se verá ligado às investigações de um crime em uma cidade do interior nos anos 1960.
No teatro, o plano é seguir na estrada com Baixa Terapia, que faz novo voo pelo exterior em setembro, quando embarca para Portugal, onde deve ficar até o final de dezembro, antes de iniciar nova temporada no Tuca, em São Paulo, em janeiro. “A resposta do público é que determina se o espetáculo continua em cartaz”, afirma Fagundes, que abre mão das leis de incentivo por iniciativa própria, “quase ideológica”, como diz.
O texto, do argentino Matías Del Federico, foi traduzido para o português por Clarice Abujamra, ex-mulher de Fagundes que no ano passado foi destaque como a ácida mãe de Maria Ribeiro no ótimo Como Nossos Pais, de Laís Bodanzki. A atriz não é a única ex envolvida na produção. No palco, Fagundes contracena com a atual companheira, Alexandra Martins, e forma um casal com a mãe de Bruno, Mara Carvalho.
Quando questionado se prefere o teatro à TV, Fagundes, de modo elegante, dedica a resposta a elogiar o primeiro. “Fazer teatro é extraordinário, porque você tem à sua frente o público, que se diverte muito especialmente numa comédia como a nossa. Você vê a reação imediata a cada piada. Não tem o que substitua você contar uma piada e ver duas mil pessoas gargalhando e aumentando a duração do espetáculo só com as suas gargalhadas.”