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Com energia solar, projeto leva filmes onde não há salas de cinema

A próxima parada é na cidade de Cabaceiras (PB), a chamada "Róliude Nordestina"

Por Mariana Rosário Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 fev 2020, 11h00 - Publicado em 9 fev 2020, 10h00

Neste domingo (9), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood celebra a entrega do Oscar, cerimônia em que estão escalados figurões da sétima arte do naipe de Martin ScorseseAl Pacino e Charlize Theron. Na mesma noite, a chamada “Roliúde Nordestina” receberá uma sessão do filme brasileiro Canta Maria (2006), estrelado por Vanessa GiácomoMarco Ricca.

A tal “Roliúde” é a cidade paraibana de Cabaceiras, a 162 quilômetros da capital João Pessoa. O município ganhou o espirituoso apelido após servir de cenário para uma seleção de filmes brasileiros, caso de O Auto da Compadecida (2000) e do longa Romance (2008), ambos do diretor Guel Arraes. O próprio Canta Maria, também foi rodado no pedaço.

Apesar do apelo cinematográfico, a cidade não conta com uma sala de cinema sequer. Coube ao projeto paulistano Cinesolar levar até lá uma tela de projeção (aqui alimentada por placas de solares) com 200 polegadas. A sessão cinematográfica faz parte de uma iniciativa montada em 2013 com a intenção de levar filmes e curtas selecionados para destinos que não dispõem de salas de exibição ou para comunidades em que o custo do ingresso de cinema não cabe no orçamento.

Em sete anos, a equipe visitou 250 cidades e percorreu vinte estados brasileiros. Para essa maratona, servem-se de duas vans estilizadas que também fazem as vezes de sala de aula — quando descarregam os equipamentos, os participantes do projeto dão classes interativas sobre como ocorre a obtenção de energia elétrica por meio de placas solares. Outra atividade educativa são as oficinas de audiovisual em que crianças criam curtas-metragem a serem exibidos logo mais à noite.

“Quando exibimos os filmes, abrimos um microfone para que a comunidade possa falar. Pedimos que eles comentem os filmes, contem como as produções se relacionam com eles”, comenta Cynthia Alario, idealizadora e coordenadora do projeto. Durante a conversa ao telefone com a reportagem de VEJA, a produtora paulistana estava a caminho das exibições, às margens da PB- 121, embaixo de um umbuzeiro — árvore nativa do semiárido brasileiro. A atividade é financiada por patrocínio de empresas privadas e leis de incentivo à cultura.

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Na rota da turma, devem passar ainda neste ano outras cidades da região Nordeste e municípios nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. “O cinema não entra nas prioridades das famílias que estão ali. Queremos dizer que a arte é uma possibilidade”, diz Cynthia.

Tema na redação Enem

A democratização do acesso ao cinema, bandeira defendida pelos participantes do cinesolar foi o tema da redação do Enem 2019. De acordo com dados do último balanço da Ancine, 43% dos brasileiros moram em cidades onde não há salas de exibição. No Estado do Alagoas, por exemplo, o número de habitantes por sala de cinema em 2018 era de 11.500, já em São Paulo o número cai para 43.700. Sai a frente Roraima, com 38.400 habitantes por sala.

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