O vestido de Mariana Ximenes para protestar contra o ‘desmonte da cultura’
Atriz apresentou o Festival do Rio trajando roupa estampada com cartazes de filmes nacionais
Apresentadora da 21ª edição do Festival do Rio, a atriz Mariana Ximenes abriu o evento, nesta terça-feira 10, trajando um vestido estampado com cartazes de diversos filmes nacionais. A iniciativa foi um protesto de Ximenes contra o comando da Ancine, entidade que no final de novembro retirou de seu edifício e do site oficial os cartazes de várias produções do cinema brasileiro. Como justificativa, o órgão declarou que expôr determinadas obras feria o princípio de isonomia.
“Esses cartazes são o estandarte da nossa resistência, nessa luta muito importante contra o desmonte da cultura brasileira”, disse Ximenes, em discurso no palco do evento.
Conforme revelou VEJA, a Ancine recentemente também vetou a exibição do filme A Vida Invisível, inscrito no Oscar, em um evento interno.
Sobre os embates entre governo Jair Bolsonaro e órgãos culturais a determinados filmes do país, Karim Aïnouz, diretor de A Vida Invisível, declarou em entrevista para VEJA: “eu me pergunto por que somos tão temidos. Se há censura, ou estão em desacordo com algo do filme ou estão com medo de alguma coisa. Por isso é importante que essa história seja esclarecida, com urgência, pois é perigosa para a imagem do Brasil internacionalmente”.
Em uma série de postagens, Ximenes mostrou seu vestido e escreveu mensagens de protesto contra o que classificou como “tempos sombrios” contra a cultura.
“Vivemos tempos sombrios pairando sobre a nossa liberdade. A arte existe porque a vida não basta, já dizia Ferreira Gullar. E anular a arte é anular a vida. Tentar esconder as produções brasileiras é deixar de lado o Brasil, o brasileiro e o que temos de mais especial, que são nossas histórias, nossa diversidade, nosso jeito de ver e viver a vida. O cinema é uma arte nossa”, escreveu a atriz.