O retorno da banda de rock mais injustiçada da história
Extravagante e barulhento grupo britânico emplacou dezessete singles nas paradas em apenas três anos
Dentro do lucrativo mercado do rock clássico, as máquinas registradoras começaram a tilintar mexendo ao ritmo dos corações dos fãs nostálgicos diante da possibilidade de um retorno do Slade, uma das mais bem-sucedidas bandas dos anos 70. O grupo britânico se separou em 1992 em meio às desavenças entre os integrantes e os dois principais briguentos, o vocalista Noddy Holder e o guitarrista Dave Hill, ambos com 75 anos, parecem mais dispostos hoje a colocar as diferenças de lado para cair novamente na estrada com os dois outros membros originais da banda — o baixista Jim Lea e o baterista Don Powell. A dica sobre um possível retorno foi dada por uma foto postada recentemente por Suzan Holder, mulher de Noddy, com os dois veteranos juntos e sorridentes, só com a legenda “sem espaço para comentários adicionais”, numa tradução livre.
Lunch TODAY 👍 I will not be taking any further questions 😜 #NoddyHolder #DaveHill #Slade pic.twitter.com/uZtogyfsdl
— Suzan Holder (@HolderSuzan) February 23, 2022
No barulhento início dos anos 70, período de nascimento e ascensão da besta-fera sonora batizada de heavy-metal, a banda britânica Slade destacou-se no páreo duríssimo da época, merecendo a justa fama de apresentar o show de rock mais selvagem daqueles tempos. O quarteto de Wolverhampton elevou em muitos decibéis a fórmula de rock básico criada por Chuck Berry e inaugurou com o vocalista Noddy Holder a linhagem de cantores de voz potente e esganiçada. O visual da turma também era um dos mais extravagantes em plena era das extravagâncias, a começar por Holder, que se apresentava sempre com uma cartola colorida. Dave Hill, por sua vez, na contramão do consagrado visual de roqueiros de longos cachos dourados, adotou durante alguns anos a cabeça totalmente raspada, tudo isso a séculos do advento do punk.
Sempre desprezado pela crítica (para não dizer odiado), o Slade tornou-se um megasucesso, enfileirando nada menos que dezessete singles em apenas três anos (1971-1974), sendo que seis deles ficaram em primeiro lugar. Outra peculiaridade do conjunto era batizar essas canções mantendo erros gramaticais (Cum On Feel the Noize em vez da grafia correta Come on feel the noise, por exemplo). Eles tiveram ainda uma sobrevida nas paradas nos anos 80, com o lançamento da melosa My Oh My. Ainda na mesma década, o grupo de heavy-metal Quiet Riot fez sucesso com dois covers do Slade. Atualmente, a banda prossegue fazendo shows, mas sem o quarteto original. Caso se confirme, o retorno da turma vai render muito barulho — literalmente.