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O programa de TV polêmico que vai destruir obras de Hitler e Picasso

Idealizado pelo canal inglês Channel 4, atração deve ir ao ar nesse mês, mas causou incômodo por usar o ditador nazista como forma de entretenimento

Por Amanda Capuano Atualizado em 19 out 2022, 15h05 - Publicado em 19 out 2022, 12h17

Um programa de televisão que deve ir ao ar ainda este mês no canal britânico Channel 4 está causando controvérsias na Inglaterra. Segundo reportado pelo jornal The Guardian, a ideia da atração é reunir pinturas de figuras moralmente condenáveis, como o ditador nazista Adolf Hitler e o pedófilo Rolf Harris, e deixar a audiência decidir se o apresentador Jimmy Carr deve ou não destruir as peças. Batizado de Jimmy Carr Destroys Art (Jimmy Carr Destrói a Arte), o programa se propõe discutir até onde é possível separar o artista da obra.

A ideia, é claro, não foi recebida bem por todos, especialmente por causa do apresentador. No início do ano, Carr foi condenado por uma série de grupos ativistas por fazer piadas com o Holocausto durante seu especial da Netflix, batizado de His Dark Material. Em resposta à atração, o Holocaust Memorial Day Trust declarou que o programa está fazendo de Hitler “um tópico para o entretenimento leve”. “A questão de até que ponto a arte está ligada aos seus criadores é importante, mas este programa é só para chocar, e não justifica a banalização dos horrores do nazismo”, disse a executiva-chefe da organização, Olivia Marks- Woldman.

Com a repercussão, o diretor de programação Ian Katz garantiu que se o público do estúdio escolhesse salvar a pintura de Hitler, ela não ficará exposta na canal, mas será “apropriadamente descartada”. “Há defensores para cada obra de arte. Então, haverá alguém argumentando pela obra de Hitler, não por ele, mas pelo fato de que sua moral não deve decidir se uma obra deve ou não existir”, descreveu.

Além da pintura de Hitler, o programa ainda terá peças de Pablo Picasso, abusivo com suas mulheres, e de Rolf Harris e Eric Gill, envolvidos com abuso de crianças. Segundo o The Guardian, que teve um jornalista presente nas gravações, o apresentador recebeu um comediante e um crítico de arte para argumentar sobre destruir ou não as obras, e o público no estúdio recebeu plaquinhas verdes e vermelhas para decidir o destino de cada uma das peças. O jornalista ainda contou que, Carr chegou a fazer piadas sobre abuso infantil, e decretou que, se for transmitido, o programa “será o fim do Canal 4”.

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