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O futuro é agora em ‘A Vigilante do Amanhã’

Adaptação do mangá que influenciou Spielberg e ‘Matrix’ discute o poder da tecnologia e quer transformar Scarlett Johansson em protagonista de uma franquia

Por Mariane Morisawa, de Nova York
Atualizado em 4 jun 2024, 17h57 - Publicado em 1 abr 2017, 22h13

Quase 30 anos atrás, o mangá Ghost in the Shell, de Shirow Masamune, causou alvoroço com a história de Major, a primeira num experimento bem-sucedido e sofisticado de uso de um cérebro humano num corpo cibernético. O anime baseado no mangá, dirigido por Mamoru Oshii em 1995 e lançado no Brasil como O Fantasma do Futuro, influenciou de Matrix (1999), das irmãs Wachowski, a A.I. – Inteligência Artificial (2001), de Steven Spielberg, e Avatar (2009), de James Cameron. O próprio Spielberg comprou os direitos de adaptação para um filme live action em 2008, mas a produção acabou indo parar nas mãos de Rupert Sanders, que tinha apenas um longa-metragem (Branca de Neve e o Caçador, de 2012) e um escândalo envolvendo sua vida pessoal (um caso com a atriz Kristen Stewart quando ele ainda era casado) ao assumir a potencial franquia, que estreou no Brasil nesta quinta-feira, A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell.

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Na época em que o mangá e o anime foram lançados, alguns dos experimentos do filme – como inserir elementos robóticos num corpo humano ou inteligência artificial – eram ficção científica. Hoje, existem atletas com membros mecânicos, e Elon Musk acaba de anunciar a fundação da empresa Neuralink, que vai buscar formas de conectar o cérebro humano com os computadores. “Hoje, isso é realidade científica”, explica Sanders em entrevista a VEJA. “Alguns desses temas e ideias ficaram mais relevantes agora do que na época. Parecia a hora ideal de fazer A Vigilante do Amanhã, quando estamos muito mais próximos de alguns daqueles temas relacionados à humanidade sendo consumida pela tecnologia.”

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No filme, que se passa num futuro não tão distante, Major, interpretada por Scarlett Johansson, é uma das agentes da Seção 9, comandada por Aramaki (Beat Takeshi, o nome que o diretor Takeshi Kitano usa quando está atuando), que combate os criminosos e terroristas mais perigosos, como Kuze (Michael Carmen Pitt), que quer destruir a empresa Hanka, responsável pelos experimentos cibernéticos. Entre os outros agentes estão Batou (Pilou Asbaek) e Togusa (Chin Han), o único totalmente humano. Nesse mundo, quase todo o mundo é parcialmente máquina. No caso de Major, só seu cérebro é humano, todo o resto é cibernético, uma obra da Dra. Ouelet (Juliette Binoche).

Com o tempo, Major começa a refletir sobre sua existência, o que é humano ou não. Basicamente, seu espírito (“ghost” em inglês) ou sua alma começa a se manifestar. “Sou capaz de me identificar com a luta para entender nossa existência, nosso propósito, a condição humana. Nesse esforço de nos conectarmos acabamos nos desconectando uns dos outros”, disse Johansson (confira mais na entrevista abaixo).

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A atriz sabe da importância de estrelar uma potencial franquia protagonizada por uma mulher. “É uma coisa rara”, afirmou. Originalmente, a Dra. Ouelet também era um personagem masculino. “É uma boa mudança. Transformar esta personagem em mulher é especialmente significativo porque é um mundo masculino, mas a manifestação deste espírito de Major a está chamando em outra direção, indo em direção à verdade, a suas origens, à necessidade de liberdade, de independência, e minha personagem tem uma relação diferente com ela, é muito simbólico”, disse Binoche.

Rupert Sanders não ficou tão preocupado com a responsabilidade de dirigir um filme protagonizado por uma mulher, que costuma enfrentar um julgamento mais duro. “Não dá para fazer uma obra de arte preocupado demais com o fracasso, ou não se desafiam os limites. E nós desafiamos os limites”, afirmou. “A Vigilante do Amanhã é carregado por duas protagonistas fortes, com atrizes que estão vivendo personagens que normalmente são reservados aos homens no cinema. Scarlett é muito poderosa nas cenas de ação, mas também mais inteligente, introspectiva e cheia de empatia. Não dá para ter isso com um homem como protagonista. Fora que a personagem não precisa de um homem.” Para o diretor, só a atriz podia liderar uma franquia como esta. “Você é atraído pela história da personagem e fica deslumbrado pelo visual incrível e a ação, mas espero que o espectador saia do cinema emocionado.” Não dá para negar também que ela fica bem no traje de silicone nude que reproduz a pele de uma ciborgue – no mangá e no anime, Major parece nua logo antes e depois de se tornar invisível.

Como o material original, A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell discute o poder da tecnologia, a importância das memórias e a força da alma humana. Mas também mostra a autodescoberta de Major, que questiona quem (ou o que) realmente é. Visualmente, combina efeitos visuais digitais e práticos, tudo feito pela Weta Workshop, na Nova Zelândia, onde a maior parte foi rodada. “O filme é sobre viver num mundo digital, então achamos que era importante dar ao público algo tangível”, disse Ben Hawker, diretor de arte conceitual. Em vez de ser tudo cromado e escuro, como costuma ser nas ficções científicas, o modelo foi Hong Kong, que tem prédios modernos e tecnológicos e outros antigos e precários, cheios de “puxadinhos”. Todos são envelopados em imagens holográficas multicoloridas. Combinado com os personagens e figurantes, todos usando alguma espécie de maquiagem prostética, o resultado é um pouco excessivo e acaba distraindo demais dos temas expostos na tela e mesmo da jornada da personagem. Verdade que muitos dos efeitos, como a luta na água e a maneira como Major se torna invisível, impressionam. Mas foi uma boa decisão fazer com que Scarlett Johansson pudesse contracenar com animatrônicos de verdade, por exemplo, a gueixa que está na primeira grande cena de ação do filme. Assim, a atriz teve a oportunidade de injetar sutileza nos reflexos robóticos de sua personagem. O futuro é agora, mas nada impede que ele conviva com o passado.

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