“O Ayrton não é minha vida”, diz Adriane Galisteu
A apresentadora abre a intimidade no reality Barras Invisíveis — e fala como sua história foi além do namoro com o piloto
Por que decidiu expor sua vida íntima no reality show Barras Invisíveis? Minha vida sempre foi superexposta, e numa época sem redes sociais. Mas, no fundo, sempre a mantive dentro de casa só para mim. Agora, completei quarenta anos de carreira, nos quais passei por tanta coisa que ninguém viu, tantas barras que segurei, que senti que seria bom mostrar que todos nós somos feitos de defeitos e qualidades.
A série relembra a morte de seu pai, em decorrência de alcoolismo, e de seu irmão, que foi vítima da aids. Teve dificuldade em revisitar essas memórias? Apesar de eu não ser uma mulher saudosista, acho importante revisitar certas dores. Eu não carrego meu passado com peso. Qualquer outra dor é mais leve que a dor do luto, porque essa não tem conserto, e por isso acho que precisamos aprender a lidar melhor com o luto.
Tem medo de morrer? Como dizia Hebe Camargo: “Eu não tenho medo de morrer, tenho pena de morrer”. Quando você ama tanto a vida — experimentar, os desafios —, o tempo passa mais rápido. E hoje eu olho para meu filho, Vittorio (com o empresário Alexandre Iódice), que já tem 14 anos, e queria segurar o tempo para curtir e viver mais, porque me sinto plena — no auge dos meus 51 anos, ainda namoro de luz acesa.
Barras Invisíveis também fala da morte de Ayrton Senna, com quem namorou no início de sua carreira. Foi comovente relembrar aquele episódio? Essa história é só mais uma barra invisível que eu segurei, mas o Barras Invisíveis não é sobre essa história. Porque o Ayrton passa pela minha vida, e ela continua. Ele não é a minha vida. Essa minha história com ele pode ser contada em outro momento, de outra forma, com exclusividade.
Você diz que atenderia a irmã dele, Viviane Senna, caso ela a procurasse. Por que a família dele sempre a renegou? Eu nunca consegui entender direito, mas tantas coisas aconteceram naquela época, eu era uma menina muito diferente da mulher que sou hoje. E, durante o ano e meio que eu vivi com ele, a gente esteve no Brasil muito pouco. Convivemos pouco com a família dele, que não sabia direito quem eu era, de onde eu vim, para onde eu ia e do que seria capaz. Eu era enigmática, acho que faltou conversa e me conhecer de fato. Mas o tempo passou, e eu sempre respeitei a família dele.
Sua vida foi perpassada por muitas perdas e tragédias, mas você não se abateu. De onde vem essa resistência? Veio da necessidade. Eu sempre precisei trabalhar para me manter — minha mãe passou por muitas dificuldades financeiras no passado. Quando a necessidade já não era mais um problema, o amor me fez continuar, porque eu amo muito o que eu escolhi, então me sinto privilegiada de ser feliz com o que eu trabalho.
Está casada com Iódice há catorze anos. Qual o segredo? Além do amor e do tesão, nosso relacionamento está baseado em uma admiração mútua e muito respeito — que, se não tiver, não daria nem para começar.
Publicado em VEJA de 23 de agosto de 2024, edição nº 2907