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Novela ‘O Tempo Não Para’ marca retorno de Luiz Fernando Guimarães

Na nova trama das 7 da Globo, que estreia nesta terça-feira, ator fará o solitário ricaço Amadeu Barone, 'um vilão, que não é um cara horroroso'

Por Estadão Conteúdo
31 jul 2018, 10h37

Com mais de quarenta anos de carreira, Luiz Fernando Guimarães não tem muitas novelas em sua longa lista de trabalhos. Dá para contar nos dedos: Vereda Tropical e Cambalacho, ambas dos anos 1980, e algumas participações em outros folhetins nas décadas seguintes. Seu papel mais recente em uma novela foi em Cordel Encantado, em 2011, como o personagem Nicolau Brüguel. A trajetória do ator teve início no histórico grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, nos anos 1970, e, na televisão, os caminhos o conduziram a séries e programas de humor, como o lendário TV Pirata, Os Normais Minha Nada Mole Vida, entre outros. Seu último trabalho na TV foi em Acredita na Peruca, parte da grade do Multishow em 2015, em que vivia Eleonora, uma bem-nascida, mas falida.

Isso até receber convite para voltar à TV — e justamente numa novela, O Tempo Não Para, nova trama das 7, que estreia nesta terça-feira, 31, na Globo. “Realmente, novela é uma coisa que eu não faço, não sou ator de novela, não tenho esse currículo. Fiz no início da minha carreira com o Silvio de Abreu, Cambalacho etc.”, admite o ator carioca, de 68 anos. “Todo mundo acha que eu não gosto. Sou noveleiro, mas não é em toda novela que me sinto participativo. Quando o Leo (o diretor artístico Leonardo Nogueira) me chamou para fazer a novela, ele me contou a história e me senti completamente dentro. Conheci o autor (Mario Teixeira), me senti livre para colocar meu jeito de interpretar, para não ficar refém.”

Dedicado há dois meses ao seu personagem, Amadeu Barone, um viúvo bilionário e solitário, o ator conta que ainda tem poucas informações sobre ele. “Amadeu tem um problema de saúde. Imagino que seja uma doença pulmonar. Ele está sempre cercado por cinco enfermeiras. A novela vai se revelando aos poucos, até para nós. Peguei a produção já meio encaminhada”, conta. “Quando o Leo Nogueira me chamou, já tinha quase o elenco todo formado. Não tive nenhum workshop, fui tirando conclusões no papo com o diretor, com o autor.” Para ele, o fato de poder trabalhar um personagem solitário, tão diferente dele próprio, o fascinou. “Sou muito comunitário, gosto de muita gente, e achei que seria uma experiência.”

O que se sabe da história de Amadeu até agora é que, quando surge a notícia de que a família de Dom Sabino (Edson Celulari) ficou congelada após um acidente de navio no século XIX e desperta nos dias atuais, o ricaço acredita que finalmente está diante da solução para seu problema — ele planeja ser congelado por criogenia até encontrarem a cura para sua doença misteriosa.

“Ele vê essa família como matéria-prima. Como Amadeu é um cara muito solitário, essa coisa humanista, ele valoriza nos outros, mas acho que ele não tem, porque tudo para ele é negócio. Acha que as relações humanas são um negócio, vê tudo desse jeito. É um vilão, mas não é um cara horroroso”, analisa. “Na verdade, ele não é completamente o vilão que as pessoas estão acostumadas a ver. Acho que ele é o vilão porque é o antagonista, é um outro tipo de vilão. Apesar de todo o poder dele — e do interesse no próximo ser um interesse muito para si –, ele não é um cara mau. Pelo menos, por enquanto. Mas acho que a novela não tem essa pegada. Não sei se ele é o único vilão, é bem possível que existam outros.”

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O ator gosta do tema tratado pela novela. “Achei muito interessante uma novela que fala do século XIX e do XXI, e das mudanças que foram se sucedendo no mundo, e essa coisa do congelamento, acho muito atual. A medicina já está nesse nível. Por exemplo, havia informação de que algumas coisas de celebridades estavam congeladas, como o cérebro do Einstein. Eu imaginava que isso fosse real, e continuo achando que pode ser. Então, acho que a novela não é tão ficcional assim, e é muito futurista para falar de um assunto como esse e de uma forma bem-humorada.”

Cachorros e filhos

Em O Tempo Não Para, Amadeu faz parte de uma entidade formada por pessoas ricas que se comprometem a doar suas fortunas para caridade. Assim, o bilionário, pensando em sua cura no futuro, resolve doar parte de seu dinheiro para a Fundação Vita, mantida por Samuca (Nicolas Prattes). “O cara compra o que ele quer, só não compra a sobrevida que ele precisa, mas, em compensação, ele dá seu dinheiro para o avanço da medicina, para que, em duzentos anos, ele acorde e tenha uma solução para sua saúde.”

E por falar no assunto, o ator gostaria de viver até os cem anos? “Não, é muito tempo de vida. Me falaram que os cisnes vivem até duzentos anos, achei o maior caô. Olha a vida dos cisnes, nem se compara à nossa (risos). Acho que o que pode existir é uma certa curiosidade em você saber como será o futuro, como será você no futuro”, pondera. “Não sei se terá graça daqui a vinte anos, em todos os sentidos. O mundo atual está meio confuso.”

Há ainda quem fale em longevidade através dos filhos. Ele e o marido, Adriano Ribeiro, pensam em ter filho? “Não, eu não penso em ter filho. Tenho catorze cachorros, acho que estou bem. Quem ama animais como eu sabe que eles são uma riqueza.”

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