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Museu Nacional e instituto chinês descobrem novas espécies de dinossauros

Parceria entre pesquisadores dos dois países encontrou novos animais do grupo Sauropoda no noroeste da China, com rochas de 120 milhões de anos

Por Tamara Nassif Atualizado em 12 ago 2021, 14h38 - Publicado em 12 ago 2021, 12h02

Uma parceria entre o Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e o Institute of Vertebrate Paleontology and Paleoanthropology, da China, revelou a existência de duas novas espécies de dinossauros do grupo Sauropoda. Batizados de Silutitan sinensis e Hamititan xinjiangensis, os espécimes chineses foram encontrados na província autônoma de Xinjiang, cujas rochas fósseis datam de mais de 120 milhões de anos.

“Essas novas espécies de saurópodes são particularmente importantes por serem de uma área onde grandes vertebrados, como dinossauros, não foram registrados até esse momento. E isso indica o grande potencial fossilífero desta formação para o estudo não somente de saurópodes, mas também do potencial para outros grupos de dinossauros”, disse Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional.

Sítio fossilífero em Xinjiang, onde foram encontradas duas novas espécies de dinossauros, Silutitan sinensis e Hamititan xinjiangensis
Sítio fossilífero em Xinjiang, onde foram encontradas duas novas espécies de dinossauros, Silutitan sinensis e Hamititan xinjiangensis (Wang Xiaolin/Divulgação)

A espécie Silutitan sinensis é exclusiva da Ásia, por ter uma série de vértebras cervicais médias e posteriores articuladas que a vincula ao grupo Euhelopodidae. O nome é uma combinação de termos em mandarim: “Silu” significa “Rota da Seda”, em homenagem às rotas comerciais que interligavam o Oriente e o Ocidente, e “titan” alude aos titãs gregos, usado em saurópodes para designar grandes estaturas.

Vértebras do dinossauro Silutitan sinensis, descoberto por pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro e do Institute of Vertebrate Paleontology and Paleoanthropology
Vértebras do dinossauro Silutitan sinensis, descoberto por pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro e do Institute of Vertebrate Paleontology and Paleoanthropology (Museu Nacional/Institute of Vertebrate Paleontology and Paleoanthropology/Divulgação)

Já a segunda espécie Hamititan xinjiangensis tem uma sequência de vértebras caudais anteriores articuladas que é comum na América do Sul (inclusive no Brasil), pertencente ao grupo Titanosauridae. O nome vem da junção de Hami, o local onde foi encontrada, e à estatura “titan”. “A presença de duas espécies de saurópodes diferentes ajuda a entender como pode ter ocorrido a ampla diversificação desses seres durante o Cretáceo Inferior da Ásia”, disse Kellner.

Vértebras do dinossauro Hamititan xinjiangensis, descoberto por pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro e do Institute of Vertebrate Paleontology and Paleoanthropology
Vértebras do dinossauro Hamititan xinjiangensis, descoberto por pesquisadores do Museu Nacional do Rio de Janeiro e do Institute of Vertebrate Paleontology and Paleoanthropology (Museu Nacional/Institute of Vertebrate Paleontology and Paleoanthropology/Divulgação)

“A espécie Hamititan xinjiangensis apresentava um dente de dinossauro terópode (carnívoro) encontrado muito perto, o que pode indicar uma possível predação ou mesmo que a carcaça do Hamititan tenha sido atacada por um dinossauro carnívoro oportunista”, informou Xiaolin Wang, coordenador do Instituto chinês. No mesmo sítio, outros fósseis de outra espécie de dinossauro, o pterossauri Hamipterus tianshanensis, já haviam sido reportados, incluindo ovos e embriões muito bem preservados.

A parceria estrelada entre pesquisadores brasileiros e chineses data de 2004, e já resultou em mais de vinte trabalhos em conjunto. O estudo, publicado na revista Scientific Reports, também contou com paleontólogos do Beijing Museum of Natural History e do Hami Museum.

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