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Mark Manson: ‘A positividade é superestimada’

Americano é autor do best-seller ‘A Sutil Arte de Ligar o F*da-se’, que tenta desmontar os clichês do gênero autoajuda – ao qual pertence

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 11 mar 2018, 15h51

Há dez semanas na lista de livros de autoajuda e esoterismo mais vendidos de VEJA, A Sutil Arte de Ligar o F*da-se (Intrínseca) tenta fugir dos cacoetes do gênero. No lugar da positividade, prega o realismo, e, em vez de exaltar a vitória, ressalta a importância do fracasso. O objetivo final, porém, é o mesmo de outros títulos do filão: entender os mecanismos do sucesso e da felicidade e descobrir como se chega lá. Em entrevista a VEJA, o autor Mark Manson, de 34 anos, explica qual pensa ser o maior defeito no campo emocional e dá sua opinião sobre um comentário na internet que classificou seu livro como “budismo disfarçado para millennials”.

O americano também fala sobre a carta que escreveu ao povo brasileiro que viralizou em 2016, quando ele morava por aqui – sua mulher é paulista – e o país estava no meio do processo de impeachment de Dilma Rousseff. No texto, Manson afirma, entre outros pontos, que o problema do Brasil não era só a então presidente ou o Partido dos Trabalhadores, mas sim o famoso “jeitinho brasileiro”. Elogiado e criticado pelo desabafo, o escritor diz que até entende quem argumenta que o passado colonial ainda influencia o Brasil de hoje. “Mas isso é uma explicação, não uma justificativa”, diz.

Leia a seguir um trecho da entrevista de Mark Manson, feita durante sua passagem pelo país para a divulgação do livro:

 

No livro, você diz que o nosso foco em positividade é uma lembrança do que ainda queremos conquistar. É um problema tentar ver a vida com positividade, então? A positividade é superestimada, ela amplifica aquilo que falta na gente ou o que desejamos ser. É melhor ser honesto sobre seus problemas e defeitos do que tentar se sentir bem o tempo todo.

Qual o maior defeito no campo emocional? Não assumir responsabilidades. Está cada vez mais fácil culpar os outros pelos seus problemas. Mas a verdade é que cada um é responsável pela forma como reage às situações. Ninguém pode viver sua vida por você.

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Por que diz que responsabilizar os outros está ficando mais fácil? Antes, isso acontecia em uma escala menor. Se tinha um problema com a minha família, em vez de resolver, eu ficava por aí reclamando e culpando a todos por isso. Esse tipo de coisa ainda acontece, mas agora, como temos acesso a mais pessoas e mais grupos por causa da internet, estamos empurrando a culpa para mais pessoas, partidos políticos, grupos étnicos, empresas.

Um comentário sobre o seu livro na internet diz que ele é “budismo disfarçado para millennials”. Você concorda com essa visão? (Risos) Não discordo. O budismo me influenciou bastante, apesar de não me considerar budista. Sempre me interessei por isso, li muito e pratiquei um pouco, mas não gosto de me autodeclarar desta ou daquela religião. As ideias do budismo de não se apegar foram muito valiosas para me fazer avaliar o que era bom na minha vida e o que não era. Budistas também têm um bom entendimento sobre conflito e problemas.

Você viveu no Brasil por um tempo. O que você viu aqui que fez com que você escrevesse aquela carta aos brasileiros? Honestamente, sinto que eu nem escrevi aquela carta. Naquela época, durante a crise econômica e política do Brasil, as coisas estavam ruins para muita gente. As minhas conversas com meus amigos brasileiros eram sobre a situação brasileira, a política, a economia, corrupção. Quase todos me disseram o que está naquela carta, que o problema é a cultura, a mentalidade. Eu fiquei muito frustrado vivendo no Brasil naquela época e mencionei para os meus amigos que estava pensando em escrever uma carta para meus leitores brasileiros. Eles ficaram muito animados, me encorajaram. Eu concordo com tudo o que está na carta, mas nenhuma das ideias é originalmente minha.

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Como foi a reação à sua carta? Você foi criticado, elogiado? Teve de tudo, mas a reação ou foi muito positiva ou muito negativa, não teve ninguém que ficou no meio-termo. Entendo algumas das críticas que dizem que eu não tenho conhecimento o suficiente em história e política do Brasil para dizer algumas coisas, mas, sabe, é uma opinião.

As respostas negativas fizeram com que você mudasse de ideia sobre algo? Na verdade, não (risos). A maior parte das respostas negativas não discordava da carta, mas tentava explicar as coisas, dizendo que o Brasil tinha um longo histórico de colonialismo, que Portugal acabou com o Brasil. Eu entendo, mas isso é uma explicação, não uma justificativa. Esse histórico explica, mas não muda nada. Ainda considero que há um problema cultural que precisa ser resolvido.

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