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Mais politizada que nunca, Taylor Swift se veste de homem em novo clipe

Ao atacar o machismo em ‘The Man’, a cantora veste de uma vez por todas o figurino engajado que se tornou obrigatório para as estrelas femininas

Por Tamara Nassif Atualizado em 4 jun 2024, 14h43 - Publicado em 27 fev 2020, 19h19

Da janela de um escritório muitíssimo bem-decorado, o convincente alter-ego masculino de Taylor Swift marcha confiante em direção à porta. Ele é aplaudido por sua equipe, paparicado e endeusado enquanto dispara ordens a torto e a direito. No metrô, abre bem as pernas, sopra a fumaça de seu charuto no rosto de uma mulher – timidamente encolhida ao seu lado – e bate as cinzas na bolsa de outra. O mundo é dele, então a versão “macho” de Taylor Swift age de acordo.

O videoclipe de The Man, lançado nesta quinta-feira 27, é o quarto single do álbum Lover (2019) e traz novamente a face militante de Taylor, já pintada das cores LGBTs em You Need To Calm Down. Dessa vez, com camadas e mais camadas de maquiagem, um terno e uma barba, ela vocaliza: seus principais inimigos são o patriarcado e o machismo.

Em meio a versos como “Estou cansada de correr/O mais rápido que posso/Me perguntando se eu chegaria mais rápido/Se eu fosse um homem (você sabe que sim)”, Taylor descasca o “dois pesos, duas medidas” que experiencia enquanto mulher e figura pública. Incomoda-a que sua vida pessoal, roupas, corpo e relacionamentos sejam, na maioria das vezes, o foco dos holofotes, em vez de seu trabalho e talento inegável. Em The Man, ela até solta uma farpinha contra Leonardo DiCaprio, tão aclamado por sua fervilhante vida amorosa: “E eles brindariam a mim, oh, deixem os jogadores jogar/Eu seria como Leo em Saint Tropez”.

The Man coroa aquela que talvez seja a fase mais política da cantora. Para além da bandeira LGBT orgulhosamente hasteada no videoclipe de You Need To Calm Down, que contou com a participação de figuras como Ellen DeGeneres, RuPaul Charles e Katy Perry, Taylor tem se esforçado para provar aos fãs e ao mundo que não vai mais aceitar ser vista como uma artista apolítica.

Em setembro de 2019, ela cancelou um show na Copa Melbourne, uma das principais e mais famosas competições hípicas da Austrália, a pedido de ativistas dos direitos dos animais. Na China, onde a homossexualidade e a militância LGBT são grandes tabus, fez questão de interpretar a engajada You Need To Calm Down em um pocket-show de três músicas, em novembro. Mais recentemente, com seu documentário Miss Americana, recém-lançado pela Netflix, cristalizou sua nova persona engajada ao criticar veementemente a candidata republicana ao Senado por seu estado natal, o Tennessee. A candidata em questão, Marsha Blackburn, votou contra legislações que endureciam penas para agressores domésticos e é contra o casamento gay.

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A guinada na postura da cantora foi de encontro às críticas constantes à sua suposta “militância de sofá”. Desde 2012, quando disse que era contrária ao feminismo por não entender o que significava e que “não pensava nas coisas como homens versus mulheres”, a cantora carrega o fardo de precisar provar seus posicionamentos muito mais avidamente para espantar a fama de artista em cima do muro. Hoje, aos 29 anos, ela não mede palavras, tampouco esforços para tanto.

Não se sabe se a militância tem sido mais escancarada por puro cálculo de marketing – vestir trajes feministas tornou-se virtualmente obrigatório para as cantoras hoje – ou pelo fato de Taylor realmente sentir que precisa expor mais claramente suas posições. Mas uma coisa é certa: como fica bem demonstrado no clipe de The Man, uma mulher ainda precisa se esforçar mais que um homem para atingir o mesmo resultado. Até para protestar contra o machismo.

Confira o clipe de The Man:

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