Larissa Manoela: tudo ao mesmo tempo agora e mais um pouco
Multiartista — é atriz, cantora, escritora etc. —, ela quer estudar cinema e trabalhar também como diretora, e já mira a carreira internacional
Os primeiros versos de Além do Tempo, a faixa-título do novo álbum de Larissa Manoela, podem provocar certo estranhamento — eles falam em “nostalgia”. Uma garota de 19 anos cantando que tem saudade do passado? No caso de Larissa, pode-se compreender o porquê — sua vida, até aqui, foi intensíssima. Descoberta aos 4 anos pelo olheiro de uma agência de talentos mirins na cidade de Guarapuava, no Paraná, onde nasceu, Larissa Manoela Taques Elias Santos tem uma carreira que só se alargou desde então, transformando-a em uma multiartista. Além de cantora, é atriz (de TV, teatro e cinema), escritora (seus três livros já venderam mais de 800 000 exemplares), modelo (com incontáveis campanhas e produtos licenciados), dubladora (do desenho do Sítio do Picapau Amarelo, por exemplo) e digital influencer (tem cerca de 30 milhões de seguidores nas redes sociais). “Mas o que vai ser daqui pra frente?”, pergunta a letra da canção, assinada por Rafael Bacchi, Luiza Caspary e Du Massonetto. Larissa responde — e não apenas na música.
Enquanto muitos jovens de sua geração seguem indecisos sobre os rumos que tomarão, ela resume: quer ir “além do tempo”. Para Larissa, isso significa cursar uma faculdade de cinema e trabalhar como diretora. “São coisas que venho adiando, porém em determinado momento vou parar para me concentrar nelas”, ressalta a jovem. Para dar a si mesma essas oportunidades, Larissa decidiu não renovar seu contrato com o SBT — que a projetou nacionalmente no papel de Maria Joaquina na telenovela infantil Carrossel (2012-2013). “Fecho um ciclo com muito aprendizado e gratidão e sei que o Silvio (Santos, dono do canal) torce por mim”, diz ela, sublinhando que “agora, as portas estão abertas para novas conversas” — com a Globo, por exemplo. A atriz, que mora em São Paulo com os pais — e nove cachorros, um jabuti e uma coleção de mais de 100 bonecas —, não descarta se mudar para o Rio, no caso de surgir um eventual convite da emissora carioca.
A projeção nacional veio em 2012, com o papel de Maria Joaquina, na novela infantil Carrossel, do SBT
Com a Netflix, Larissa tem um contrato que prevê a realização de três obras em três anos. Em 2019 ela gravou para a plataforma Modo Avião, filme voltado para o público adolescente; no próximo mês de março, estará em outra produção, sobre maioridade; e em 2021 protagonizará mais um trabalho, cujo tema não foi definido. Já neste início de ano, quando mal terá se despedido da novela As Aventuras de Poliana, no SBT, Larissa passará dois meses no Canadá participando do filme Diários de Intercâmbio, com direção de Bruno Garotti e a presença de atores estrangeiros no elenco. A carreira internacional, aliás, é uma das metas de Larissa, que foi emancipada aos 16 anos. No Brasil, ela atuou em longas como O Palhaço, de Selton Mello, e Fala Sério, Mãe!, com Ingrid Guimarães.
A superexposição, que começou na primeira infância, traz, às vezes, alguns inconvenientes — sobretudo em tempos de internet. A multiartista, no entanto, garante que encara com bom humor a maior parte das polêmicas virtuais, como as piadas em torno do fato de levar todos os seus namorados para passear em Orlando, onde é proprietária de duas mansões (ela tem ainda um apartamento no Rio). Só não conseguiu achar graça quando circulou na web um vídeo com imagens falsas dela. Vivendo uma fase de transição, Larissa afirma que não está pronta para fazer cenas em que apareça nua. “Ainda tenho um público muito infantil, mas acredito que essa fase chegará. Para isso, preciso me sentir segura, confortável”, argumenta. Filha única de uma pedagoga e um representante comercial, hoje seus empresários, a jovem admite que é ansiosa. Há poucos meses, começou a fazer terapia e a recorrer a um aplicativo de meditação no celular antes de dormir. No plano pessoal, para os próximos vinte anos Larissa planeja se casar e ter pelo menos quatro filhos. Profissionalmente, não estranhe se, ao chegar lá, ela decidir dar um novo salto — “além do tempo”.
Publicado em VEJA de 8 de janeiro de 2020, edição nº 2668