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Kings of Leon apostou em ação digital por acaso e ganhou R$ 11 milhões

Banda fala a VEJA sobre como se tornou pioneira no uso da tecnologia NFT e o que fez com o dinheiro

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 abr 2021, 12h29 - Publicado em 7 abr 2021, 12h21

Desde que a banda americana Kings of Leon lançou seu último álbum, When You See Yourself, ela foi alçada à posição de pioneira no uso de uma novíssima tecnologia, a NFT, que permite a venda de itens digitais garantindo a sua autenticidade. Desde então, toda vez que alguma reportagem (e foram milhares delas) tentou explicar como funciona a tecnologia, o nome do Kings of Leon surgia associado a ela. 

Mas, afinal, como é que uma banda – que nunca foi conhecida por ser ligada em tecnologia – se transformou em pioneira desse novo sistema? A resposta: por acaso. “Para ser honesto, nunca tinha ouvido falar de NFT”, disse a VEJA o baterista Nathan Followill, de 41 anos. “Temos que dar os créditos para o nosso time de marketing e nosso gerente, que nos deram essa ideia. Não tínhamos nada a perder”, completou. 

O pulo do gato que fez a banda ganhar 2 milhões de dólares (11 milhões de reais) com o NFT foi vender itens digitais superexclusivos. Ao todo, eles botaram à venda 25 itens virtuais colecionáveis, como 18 versões digitais de luxo do novo disco e também ingressos para os shows que eles fizerem no futuro (com algumas regalias inclusas), que se tornaram disputadíssimos entre os fãs. Nathan contou que no início, a banda ficou bastante confusa com relação ao NFT, mas foram convencidos a aderir após o time de marketing explicar que se tratava de algo futurístico. “Aquilo nos deu uma conexão muito mais direta com os fãs – ao disponibilizarmos itens únicos e insubstituíveis, em vez de apenas lançar as músicas em uma plataforma de streaming”, contou. “E isso pode ser algo tão simples quanto uma letra de música”. 

A tecnologia NFT (token não-fungível, que significa algo que não pode ser reproduzido), funciona como um certificado digital de autenticidade que vale para qualquer tipo de arquivo. Esse certificado tem sua autenticidade garantida por meio do blockchain, que é a mesma tecnologia usada nas criptomoedas e uma das mais seguras do mundo. Desta forma, qualquer arquivo digital pode ganhar um certificado NFT, inclusive obras de artes digitais. Recentemente, uma obra do artista Beeple foi vendida em NFT pelo valor recorde de 69 milhões de dólares.

Followill contou que cerca de 500.000 dólares que a banda ganhou com o NFT beneficiarão o Live Nation’s Crew Nation Fund, uma entidade que ajuda os músicos de apoio, técnicos de som e outros profissionais da música, que foram afetados pela crise financeira causada pela pandemia. Sobre o restante do dinheiro, cerca de 1,5 milhão, Followill brincou. “É muita grana. Mas, você sabe: eu tenho uma esposa que ama fazer compras. Tenho uma filha que também ama ir ao shopping. Eu também. Brincadeiras à parte, certamente reinvestirei esse dinheiro sabiamente”. 

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Sobre When You See Yourself, Followill comentou que as músicas do disco refletem o amadurecimento da banda. “Qualquer grupo que faça oito álbuns vai crescer e mudar. Jared e Matthew eram adolescentes quando criamos a banda e estavam aprendendo ainda a tocar os instrumentos”, diz, citando o irmão e o primo. Followill creditou o fato do Kings of Leon ser uma banda familiar, formada por três irmãos e o primo, ter ajudado o grupo a amadurecer de forma mais orgânica. “Nós trouxemos referências de vida que vivenciamos juntos quando tínhamos nove anos de idade, por exemplo”, explica. 

Por fim, o baterista contou sobre as brigas entre eles, que quase causou o fim do grupo. “A imprensa só queria saber das brigas, das discussões nos bastidores. Então, pensamos: se é isso que eles querem, vamos dar esse showzinho para eles. Mas nunca foi sério”, minimiza. “Havia atrito, é claro, mas superamos tudo por sermos uma família.”

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