Jennifer Lawrence mostra ousadia no confuso Mãe!
Darren Aronofsky acumula elementos para chocar em alegoria ambientalista com elementos religiosos, de terror e ação
Darren Aronofsky fez segredo sobre Mãe!, exibido no Festival de Toronto antes de estrear mundialmente – no Brasil, na quinta-feira (21), com presença do diretor. Mas a verdade é que é praticamente impossível resumir do que se trata o filme, uma alegoria ambientalista de contornos religiosos que mistura drama, terror e ação.
Jennifer Lawrence é a Mãe do título. Casada com um homem bem mais velho (Javier Bardem), ela está reformando sozinha, cômodo a cômodo, a casa no meio do nada onde moram. A construção, em si, começa a dar sinais de vida. Um dia, um homem (Ed Harris) bate à porta. E do nada, o marido, um escritor tentando superar o bloqueio criativo, deixa que ele se hospede lá. No dia seguinte, chega a mulher do homem (Michelle Pfeiffer). O marido fica contente com a atenção dos estranhos. Só que, pouco a pouco, eles vão se tornando mais numerosos, caóticos e desobedientes. A casa vira palco de destruição e violência.
O filme teve uma recepção no mínimo dividida em Veneza, com vaias na sessão de imprensa. Em Toronto, a reação nas exibições para jornalistas não costuma existir e não foi diferente na manhã de hoje – apenas um jornalista gargalhou com vontade quando os créditos subiam. A verdade é que Mãe! empilha tantos momentos “que p… é essa” que é difícil ter uma opinião definitiva ao final. E esse é o problema: são tantos elementos somados, tantas cenas para chocar e confundir, que a alegoria sobre os maus tratos da Terra pelos humanos – a Mãe é o planeta – e sobre a Criação (do mundo) fica um pouco perdida no meio do barulho. Aronofsky disse que escreveu o roteiro em cinco dias, e talvez fosse preciso mais tempo para polir o material. Agora, com tanta coisa acontecendo, aborrecido de ver, Mãe! não é. Mas também não é candidato ao Oscar, apesar da entrega de Jennifer Lawrence, que pode ser tudo, menos uma atriz covarde.