IMPERDÍVEL: ‘Nós’, a distopia que originou ‘1984’, volta luxuosa
Livro do russo Ievguêni Zamiátin ganha nova edição pela Editora Aleph

Nós, escrito pelo russo Iêvgueni Zamiátin, é considerada “a distopia-referência”, aquela que inspirou desde grandes obras do gênero, como Admirável Mundo Novo e 1984, até histórias mais recentes, incluindo V de Vingança e as sagas adolescentes Divergente e Jogos Vorazes. O clássico, que estava esgotado no país, acaba de ganhar uma edição de luxo pela Aleph (344 páginas, 59,90 reais, com tradução direto do russo de Gabriela Soares.
Publicado em 1924, um período de crise econômica, Nós causou polêmica em seu lançamento, que ocorreu primeiro em solo americano, já que o livro sofreu forte censura na União Soviética. Em suas páginas, o autor cria um governo totalitário chamado Estado Único que, supostamente pelo bem da sociedade, privou a população de direitos fundamentais como livre-arbítrio, individualidade, imaginação, liberdade de expressão e direito à própria vida. Um mundo completamente mecanizado e lógico, onde as pessoas não possuem nomes, mas sim números, e o Estado dita os horários de trabalho, lazer, refeições e até de sexo.
A trama traz a história de D-503, um engenheiro que vive exatamente como ordena o Estado Único, mas começa a duvidar das próprias convicções ao conhecer uma misteriosa mulher que comete a ousadia de burlar regras, e que o contamina com a doença chamada imaginação.
A edição de luxo da Aleph conta com duas leituras complementares. A primeira é uma resenha escrita por George Orwell, autor de 1984, originalmente publicada na revista londrina Tribune em 1946. Orwell ressalta a ousadia política do livro e indica aspectos em que o russo inspirou Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Há também uma carta enviada por Zamiátin a Stálin, pedindo para sair da União Soviética, onde todas as suas publicações estavam sofrendo perseguição política.