Fiscais da Prefeitura do Rio vão à Bienal para barrar venda de livros LGBT
A editora Galera Record, uma das que tiveram estandes fiscalizados, decidiu não aceitar a determinação
Fiscais da Secretaria Municipal de Ordem Pública estão percorrendo estandes da Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, para tentar restringir a venda de livros com temas ligados à homossexualidade. Na manhã desta sexta, 6, representantes da Secretaria Municipal de Educação avisaram livreiros e editoras que haveria a fiscalização A prefeitura quer que os volumes sejam lacrados e apresentados como sendo de conteúdo impróprio.
Ontem, o prefeito Marcelo Crivella afirmou que havia decidido mandar recolher dos estandes o livro em quadrinhos Vingadores: A Cruzada das Crianças – dois dos personagens são gays. A declaração de Crivella impulsionou a venda do livro e todos os exemplares disponíveis foram comprados na manhã de hoje.
A Galera Record, especializada em livros juvenis, confirmou que fiscais estiveram em seu estande: a editora, que pertence ao Grupo Record, não aceitou as determinações. Em nota, afirma repudiar “qualquer tipo de censura e reitera a importância da representatividade na literatura jovem como forma de combate ao preconceito.”
O texto ressalta que homofobia é crime e que cabe ao Estado “incentivar a leitura e não criar barreiras que marginalizem uma parcela da população que já sofre com a intolerância.”
Na nota, Galera Record diz que seus livros estão à venda no estande e em todas as livrarias brasileiras, online e físicas. “Vamos continuar lutando para que todos os jovens se vejam representados em nossas histórias”, conclui.
Também em nota, a direção da Bienal diz dar voz “a todos os públicos, sem distinção, como uma democracia deve ser. Este é um festival plural, onde todos são bem-vindos e estão representados.”
O texto frisa que, no próximo fim de semana, a Bienal do Livro terá três painéis para debater a literatura Trans e LGBTQA+.