Espanha impede leilão de quadro após suspeita de ser um Caravaggio
A autoria da obra, cujo valor inicial na oferta seria de apenas 1.500 euros, havia sido atribuída ao círculo do pintor José de Ribera
Pouquíssimos trabalhos de Caravaggio, um dos artistas mais extraordinários da história da arte, são conhecidos. Nascido em 1571, em Milão, a lista de obras atribuídas a ele não chega a uma centena. Causou espanto, portanto, a notícia de que o Ministério da Cultura da Espanha tenha suspendido o leilão da obra A Coroação de Espinhos (Ecce Homo), do século XVII, cuja autoria inicialmente tinha sido atribuída ao círculo do pintor espanhol José de Ribera (1591-1652), por suspeitar que o quadro, na realidade, seja do pintor italiano.
Caso se confirme a autenticidade do quadro, o lance inicial de 1.500 euros (em torno de 9.000 reais), leiloado pela Casa Ansorena, em Madrid, seria extremamente baixo para uma obra do pintor. Como é extremamente difícil atribuir a autoria de um quadro como esses, vide o imbróglio sobre Salvator Mundi, supostamente atribuído a Da Vinci, o Ministério determinou ainda que, mesmo que a pintura seja vendida, ela não poderá deixar o país.
Ainda não há certeza quanto à autoria do quadro, que mede 111 por 86 centímetros. Enquanto as dúvidas permanecerem, o atual proprietário deverá cumprir diversas obrigações, como conservar a tela e permitir que especialistas analisem a sua autoria, além de cedê-la para exposições.
A especialista em Caravaggio Maria Cristina Terzaghi, em entrevista ao jornal italiano La Repubblica, afirmou que não tem dúvida de que se trata mesmo de um Caravaggio, apontando o “valor compositivo” e “vínculo profundo” com outras obras do pintor. Mas essa história ainda está longe de terminar. A descoberta de um novo trabalho de Caravaggio, ainda que de forma surreal, ao que tudo indica, se tornará em mais um lendário caso da história da arte que levará anos até que se tenha uma decisão definitiva.