‘Elle’ e Isabelle Huppert triunfam no César a dois dias do Oscar
Premiação mais importante do cinema francês teve protesto contra avanço da direita no país e contra Donald Trump
Elle, do holandês Paul Verhoeven, ganhou na noite desta sexta-feira o César de melhor filme, e Isabelle Huppert, que interpreta a protagonista, o de melhor atriz, um grande respaldo a dois dias da premiação do Oscar, no qual a francesa concorre nessa mesma categoria. O thriller subversivo de Verhoeven já tinha levado dois Globos de Ouro – o de melhor filme estrangeiro e o de melhor atriz para Huppert.
Primeiro longa da diretora Houda Benyamina, Divinas valeu o César de melhor atriz coadjuvante a Déborah Lukumuena. Gaspard Ulliel recebeu o César de melhor ator por seu papel em É Apenas o Fim do Mundo, do canadense Xavier Dolan, que levou o prêmio de melhor diretor. Já a estatueta de melhor ator coadjuvante ficou James Thierrée, por Chocolat.
Palma de Ouro em Cannes no ano passado e Bafta 2017 de melhor filme britânico, Eu, Daniel Blake, do diretor britânico Ken Loach, recebeu o César de melhor filme estrangeiro. “Como cineasta, temos o poder de mostrar as coisas como são e sugerir como poderiam ser”, apontou o diretor britânico, de 80 anos, em uma mensagem lida durante a cerimônia do Oscar francês.
Sem perder uma chance de manifestar seu compromisso político, Loach enviou uma advertência amistosa – mas explícita – aos franceses sobre as eleições presidenciais de abril. “A extrema direita tem sucesso quando as pessoas se sentem desesperadas. Nós temos de lhes dar esperanças. A esperança está no espírito de resistência, no sentido de justiça social e da solidariedade. Agora, cabe a vocês, franceses, decidir. Nós, que somos seus amigos há tantos anos, esperamos que, na próxima eleição, possam rejeitar a amargura da direita e votar a favor do espaço que abre a esquerda”, comentou.
Outro momento político veio com um novo ataque de uma celebridade ao presidente Donald Trump. Desta vez, pela voz do ator, produtor e diretor George Clooney, que recebeu um César honorário. “Nós nos consideramos os defensores da liberdade, mas não podemos defender a liberdade no exterior se nos esquecemos dela em casa”, declarou.
(Com Agência France-Presse)