Eddie Van Halen: o último herói da guitarra
O músico morreu na terça-feira 6, aos 65 anos, das complicações do tumor, em Santa Mônica, na Califórnia
Como distinguir alguma originalidade em meio à zoeira eletrônica do rock pesado e da miríade de pistoleiros dispostos a atingir os ouvidos do público com o maior número de notas tocadas por segundo na guitarra? Nas últimas décadas, Eddie Van Halen conseguiu a façanha de se destacar nesse páreo e, por seu talento e poder de influência, entrou para o panteão sagrado ocupado por monstros como Jimi Hendrix e Eric Clapton. Quando Eddie subia ao palco com sua guitarra, a Frankenstrat, construída por ele mesmo juntando peças de vários modelos, o público sabia que dali viria uma impossível sucessão de riffs e solos, como nos clássicos Jump ou Panama. Inventor de técnicas e timbres que foram copiados por quase todos os outros guitarristas a partir dos anos 80, era um caso raro de sucesso de público e de crítica. Nascido em 1955, na Holanda, ele se mudou na adolescência com a família para a Califórnia. Em 1972, com o irmão Alex Van Halen na bateria, fundou a banda que leva o nome da família. Na guitarra, elevou a estado de arte a técnica do tapping, em que o músico bate com os dedos nas cordas e sobre o braço do instrumento, como se tocasse um piano. Em 1982, fez uma antológica (e improvável) parceria com Michael Jackson, criando o inconfundível solo de Beat It. Com seu irmão e companheiros de banda, personificou a tríade do sexo, drogas e rock’n’roll. Mas o alcoolismo, de que só conseguiu se livrar em 2008, prejudicou o Van Halen e, segundo os médicos, ajudou a desenvolver o agressivo câncer na garganta que ele enfrentou durante dez anos. Eddie Van Halen morreu na terça-feira 6, aos 65 anos, das complicações do tumor, em Santa Mônica, na Califórnia.
Publicado em VEJA de 14 de outubro de 2020, edição nº 2708