Com sinais de Parkinson, Ozzy Osbourne divulga documentário autobiográfico
'As Nove Vidas de Ozzy Osbourne', produzido pelo filho do veterano roqueiro, será exibido no canal A&E em 20 de março
O príncipe das trevas, Ozzy Osbourne, 72, surge do outro lado da tela visivelmente alquebrado e com os vastos cabelos brancos penteados para trás. Vestindo um sobretudo preto e ostentando dois cordões de ouro no pescoço, o ídolo do heavy metal é acompanhado pela esposa, Sharon. Este é um dos primeiros compromissos oficiais dele em 2021 e o objetivo é promover o documentário biográfico As Noves Vidas de Ozzy Osbourne, que será exibido no sábado, 20 de março, pelo canal por assinatura A&E. Do lado de cá, cerca de 300 jornalistas da América Latina acompanham a coletiva, que ocorreu na noite de quarta-feira, 24. Com a voz vacilante e alguma dificuldade para falar, Ozzy parece um pouco desorientado. A reunião tinha previsão de durar 1 hora, mas ele ficou em frente à tela por apenas cinco minutos e só respondeu a algumas perguntas-padrão do moderador. Mesmo assim, em vários momentos, Ozzy precisou de auxílio da esposa para que ela repetisse mais próximo de seu ouvido as perguntas. Após o ídolo se recolher, Sharon e o filho Jack retornaram para responder às outras perguntas – agora, sim, dos jornalistas.
O cuidado de Sharon com Ozzy é perceptível, especialmente nos últimos anos, após o artista ter confirmado que sofre da doença de Parkinson e depois de ter sofrido uma queda em 2019, em razão da qual fraturou o pescoço e precisou passar por uma cirurgia. Nos poucos e raros minutos em que deu o ar da graça, Ozzy falou apenas da carreira e da sorte de ter a família que tem. “Me preocupo muito com meus fãs. Sou o homem mais sortudo do mundo e tive uma longa e próspera carreira”, disse. “Minha família é tudo para mim. Meus três filhos e Sharon. A melhor experiência que tive na vida foi conhecer Sharon. Ela é o amor da minha vida e eu a amo hoje mais ainda que no dia em que a conheci”, completou. A esposa retribuiu o carinho: “Estamos há 50 anos juntos. Ele é parte da minha vida. O amor não muda, ele só aumenta em diferentes direções”.
O filme é dividido em nove partes, com o intuito de fazer uma comparação divertida entre a capacidade de ressurgir das cinzas de Ozzy ao longo da carreira e o velho dito popular inglês de que os gatos têm nove vidas (no Brasil, claro, o ditado é ligeiramente diferente: são sete vidas). “Pobreza e Prisão”, “O Nascimento do Heavy Metal”, “Drogas, Morte e Divórcio”, “Diário de um Louco”, “Casamento e Caos”, “O Pecado Definitivo”, “Chega de turnê”, “Papai sabe tudo” e “Aposentadoria” são os capítulos que resumem em duas horas os 72 anos de vida de Ozzy. Além de um vasto material de arquivo, levantado pelo seu filho Jack, a atração conta também com entrevistas com os outros membros do Black Sabbath, além de amigos e colegas músicos, como o produtor Rick Rubin, e mais Ice-T, Rob Zombie, Jonathan Davis e Post Malone.
Ao responder sobre o avanço do Parkinson, Sharon foi bastante sincera. “Ozzy muda todos os dias. Tem dias em que ele é brilhante, está fantástico e se sentindo ótimo. Na próxima semana, ele pode, você sabe, ter um dia realmente ruim, sem nenhuma energia. Nada com ele é permanente. Ele faz fisioterapia e está tomando os remédios mais modernos para o Parkinson. Não vamos aceitar ficar sentados em uma cadeira pelo resto da vida. Isso não vai funcionar com a gente”, diz ela.
Sharon pede que as pessoas não lamentem pelo estado de saúde Ozzy. “Não quero que as pessoas sintam pena de Ozzy por causa de seu recente diagnóstico e também pelo problema na coluna. Ozzy não quer que lamentem por ele. Ele teve uma vida fantástica e o que o faz feliz é estar no palco. Tudo que ele precisa saber é que ele vai voltar aos palcos e continuar cantando”.
Sobre o documentário, que funciona quase como um epitáfio de Ozzy, o filho Jack brincou dizendo que o Ozzy dos anos 1980 não funcionaria em 2021. “Ele seria cancelado rapidamente. Mas ele é como um gato, né? Tem nove vidas. Acho que ele é realmente o Homem de Ferro (fazendo referência à musica Iron Man, do Black Sabbath)”, disse. “Foi muito difícil escolher o que entra e o que sai no filme. É como um quebra-cabeças”.
Sharon relembrou também do reality show The Osbournes, exibido no início dos anos 2000 na MTV e o comparou com os Keeping Up with the Kardashians. “Quando falamos hoje de reality show sobre famílias, já não é mais igual àquele nosso. Hoje tudo é roteirizado. Ninguém fica mais 24 horas por dia na sua casa filmando sua rotina, como ficaram na nossa época. Agora, é assim: eles têm seis semanas de filmagens e vamos fazer isso, isso e aquilo. É tudo pré-escrito. Não é mais espontâneo ou orgânico. Não temos mais shows iguais ao Osbournes. Não fazem isso porque é caro – e além de tudo, muitas famílias são entediantes”.
Ao assistir a algumas cenas do documentário, a sensação que fica é a de que, aparentemente, nada pode parar Ozzy Osbourne. É como ele diz em um trecho da atração: “Você sabe quando eu vou me aposentar? Quando eu puder ouvir colocarem os pregos no meu caixão. E, mesmo sim, farei um bis mais tarde. Porque eu sou o Príncipe das Trevas.”