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China ultrapassa EUA e se torna a maior bilheteria de cinema em 2020

Em ano de pandemia, cenário dos cinemas nos EUA e Canadá abriu campo para que a China liderasse a corrida pela primeira vez na história

Por Tamara Nassif 19 out 2020, 17h17

Estados Unidos e Canadá figuram, em conjunto, como o centro de gravidade das bilheterias globais de cinema e, ao que tudo indicava, 2020 seria mais um ano de liderança da América do Norte – não fosse uma pandemia no caminho. Pela primeira vez na história, a bilheteria da China assumiu as rédeas do setor ao bater, no último fim de semana, a marca de 1,988 bilhão de dólares acumulados durante o ano, em contraste aos 1,937 bilhão de dólares do lado americano. Segundo os dados da agência asiática Artisan Gateway, a previsão é que a diferença se alargue até o final do ano.

Se antes analistas especulavam que o país mais populoso do mundo iria um dia alcançar o topo das bilheterias, a pandemia apenas acelerou o processo, dada a eficácia das estratégias de contenção do Covid-19 adotadas em solo chinês e a má gestão em solo americano. Com as dezenas de milhares de salas de cinemas chinesas reabertas e operando a 75% da capacidade total, a semana entre 1 e 8 de outubro acumulou 586 milhões de dólares em bilheteria e marcou o ponto de virada na corrida pela liderança.

Os atrativos blockbusters locais são parte do sucesso: My People, My Homeland, em cartaz há 18 dias, soma mais de 360 milhões de dólares e o épico da Segunda Guerra Mundial The Eight Hundred, mais de 460 milhões. Em comparação, o filme mais rentável de Hollywood em 2020 é Bad Boys para Sempre com 426 milhões, lançado antes da pandemia, em janeiro.

Vale lembrar que, nos longínquos dias de 2019, Estados Unidos e Canadá estavam no topo com uma bilheteria em torno de 11,4 bilhões de dólares, ao passo que a China estava em segundo lugar, com 9,2 bilhões.

Embora cinemas nos dois países estejam em processo de retomada de atividades, muito do fracasso das bilheterias vem motivado por uma combinação de dois fatores: insegurança por parte dos espectadores em ir aos cinemas e falta de oferta de filmes, por causa da dança de adiamentos que Hollywood tem protagonizado desde março. Com Tenet, de Christopher Nolan, ficando muito aquém do esperado em termos de arrecadação e Mulan caindo direto nas plataformas de streaming, alguns cinemas americanos, depois de seis meses parados, fecharam novamente por temerem mais um desequilíbrio de contas. A questão agora, para os grandes exibidores, deixou de ser “quando” os cinemas voltarão ao estado em que estavam para “se” sequer voltarão, já que os danos causados pela pandemia podem ser permanentes no mercado doméstico.

Não é surpresa, portanto, que a China tenha despontado no cenário minguante que o adversário tem enfrentado. Resta ver se a liderança se mantém no pós-pandemia.

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